Os anos pesam, e apesar de serem duas superestrelas do futebol internacional, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi não figuram nos primeiros lugares dos jogadores com maior valor de mercado, nem perto, no relatório da Football Benchmark, realizado pela consultora holandesa KPMG. Em conjunto, Messi e Ronaldo arrecadaram onze Bolas de Ouro e mais campeonatos, Ligas dos Campeões e outros títulos do que seria possível contar em tempo útil. Ainda assim, o argentino tem 33 anos de idade, e o lusitano da ilha da Madeira já vai nos 36. Resultado? As estimativas da KPMG põem-nos, respetivamente, no 34.º e 55.º lugar da tabela dos jogadores mais valiosos do momento, longe dos holofotes a que estão acostumados.
A idade, parece, não é só um número, muito menos para os mercados. Os três candidatos ao prémio The Best da FIFA em 2020, Robert Lewandowski, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, figuram todos abaixo do top 30 neste ranking, e são, coincidentemente, os três jogadores mais velhos dos primeiros 250 no relatório.
O futuro está nos jovens prodígios das ligas europeias, ou pelo menos assim o quer fazer parecer o relatório da KPMG, que coloca no topo da tabela Kylian Mbappé, a estrela em ascensão do Paris Saint-Germain, que no jogo frente ao FC Barcelona, a contar para a Liga dos Campeões, marcou três dos quatro golos parisienses. Com apenas 22 anos, o francês – que joga também pela seleção nacional gaulesa – tem um valor estimado de 185 milhões de euros, quase o triplo do valor atribuído a Cristiano Ronaldo. Seguem-se um total de mais 12 jogadores avaliados em mais de 100 milhões de euros, a maioria deles militantes em clubes da liga inglesa. É o caso de Harry Kane, o britânico de 27 anos que joga no Tottenham de José Mourinho, que empata nos 125 milhões de euros com Raheem Sterling, do Manchester City.
Em quinto lugar está Neymar Jr., o segundo jogador mais velho no top 10, a seguir a Kevin De Bruyne. Colega de equipa de Mbappé no PSG, o brasileiro está avaliado em 115 milhões de euros, ao passo que o belga, também do Manchester City, vale 113,5 milhões.
Para encontrar um português na tabela, não é preciso descer muito. No 12.º lugar está Bruno Fernandes, antigo jogador do Sporting CP, que em 2020 rumou para o Manchester United, onde tem brilhado, marcando 22 golos em 38 jogos pelos red devils. O internacional português, de 26 anos, está avaliado em 107,4 milhões de euros.
Bruno Fernandes é dos poucos jogadores que viu o seu valor no mercado aumentar, no relatório da Football Benchmark, desde dezembro de 2020, em cerca de 15 milhões de euros. O mesmo aconteceu com João Félix, o jovem ponta-de-lança de 21 anos que milita no Atlético de Madrid, e que foi o alvo da transferência mais cara de sempre no futebol português.
Neste momento, refere o ranking feito pela KPMG, Félix é o 14.º jogador mais caro do mundo, estimando-se que valha 97,8 milhões de euros, tendo visto um aumento de 11,8 milhões de euros, face a dezembro do ano passado.
Clubes milionários ocupam topo
O relatório atualizado da Football Benchmark põe também em evidência uma realidade clara: a liga inglesa é onde está o futebol mais caro do mundo, e os valores dos plantéis são astronómicos, comparados com o resto da Europa. Só o PSG – com Mbappé e Neymar – e o Borussia Dortmund, com Jadon Sancho, conseguiram invadir o top 10, ocupado maioritariamente por equipas britânicas. Nem Real Madrid, nem Barcelona, nem Bayern se aproximaram da hegemonia britânica.
O Liverpool é a equipa predominante no top 10. Mohamed Salah, Trent Alexander-Arnold e Sadio Mané são os principais representantes dos reds neste relatório. Segue-se ainda o Manchester City, com Raheem Sterling e o belga Kevin de Bruyne, o Manchester United com Marcus Rashford, e o Tottenham, com Harry Kane, segundo classificado na tabela.
Mercado em português
O relatório da Football Benchmark inclui, para além de Cristiano Ronaldo, João Félix e Bruno Fernandes, outros oito futebolistas lusitanos, cinco deles militantes em equipas britânicas. Rúben Neves, figura incontornável do Wolverhampton – clube no qual não é absolutamente nada difícil encontrar membros portugueses, dos jogadores ao treinador – aparece no 91.º lugar, avaliado em 51,1 milhões de euros. Aos 24 anos, Neves viu um aumento de 6 milhões de euros na estimativa desde dezembro do ano passado, apesar dos resultados aquém das expectativas dos ‘lobos’ na liga inglesa.
Dos militantes portugueses no Manchester City – Rúben Dias, Bernardo Silva e João Cancelo – só o último não se encontra nos principais lugares do relatório, estando Dias num excelente 30.º lugar (acima de Cristiano Ronaldo, Lewandowski e Messi) e Bernardo Silva, em 39.º lugar, avaliado em 71,4 milhões de euros.
Nuno Mendes e Pedro Gonçalves, do Sporting CP, e Rafa Silva, do SL Benfica, surgem nos primeiros 500 lugares do ranking, longe dos compatriotas nas restantes equipas europeias, e atingindo valores por entre os 20 e os 30 milhões de euros.
Estragos no mercado, pela pandemia e não só
Covid-19 Apesar dos astronómicos valores representados no relatório da Football Benchmark, o valor de mercado dos jogadores diminuiu, em relação aos valores de fevereiro de 2020, em 10.6%, o que poderá ser explicado pelos impactos que a pandemia da covid-19 teve no futebol internacional, e nos cofres dos clubes.
O número um da tabela, por exemplo, sofreu uma diminuição de 15 milhões de euros em valor, relativamente a dezembro, e apenas três dos primeiros dez jogadores do ranking viram o valor aumentar desde dezembro de 2020. Lionel Messi, por exemplo, perdeu quase 30 milhões de euros em valor desde então, muito devido à instabilidade em torno do seu contrato com o FC Barcelona.
O maior aumento, refere o relatório, foi o de Pedri, médio ofensivo do FC Barcelona de apenas 18 anos, que viu o seu valor de mercado crescer em 26,6 milhões, passando a valer, segundo a KPMG, 58,1 milhões de euros. Em termos de ligas, o campeonato espanhol foi o que mais sofreu, com um decréscimo no valor total dos jogadores de mais de 1,4 mil milhões de euros.