Visto que a mentira e a desinformação são apanágio das ditaduras, em regimes que oprimem os povos.
Não entendemos a a razão pela qual o poder político atual persiste em fazer o papel de autista em relação à violência no futebol profissional, que teimosamente mantém na tutela do Ministério da Educação (ME) e não, como devia ser, na inspeção dos espetáculos, aonde estão integrados os seus congéneres da tauromaquia e do circo.
Não se trata aqui de maior ou menor consideração pelo setor, é sim apenas uma questão de lógica de metodologia classificativa relativa às características do espetáculo profissional público, que nada tem a ver com o Ministério da Educação, que é responsável pela educação dos portugueses e que, manifestamente, não está vocacionado para tutelar, sob qualquer aspeto, o futebol-espetáculo profissional com toda a sua carga negativa de problemas sociais e da constante alteração da ordem e tranquilidade públicas que, quase todas as semanas acontecem nesses recintos que, inapropriadamente, alguns pseudo-jornalistas, denominam de desportivos.
Há 40 anos fomos brindados com um prémio jornalístico sobre ‘Violência no Desporto e suas Causas’ e podemos hoje assegurar, que passados todos estes anos tudo continua na mesma. Não parece avisado ignorar as opiniões de peritos, diplomados por universidades do Estado, nestas matérias, pois são eles que têm essa competência.
Mas, enfim, parece que o Ministério da Educação só ouve quem não sabe, e não é de agora, sempre assim foi.
A questão da violência no futebol profissional é simples para qualquer sociólogo que na sua juventude tenha praticado desporto amador, ou seja, sempre na tutela do Ministério da Educação que, com propriedade, já foi denominado, no passado, da instrução, já que a educação deve ser recebida em casa…
O desporto amador é praticado na escola e fora dela, em clubes desportivos que estão filiados em federações desportivas tuteladas pelo ME têm preocupações e objetivos pedagógico-educativos de formação do caráter e preocupações de convívio e inclusão social que vão contribuir para a formação do futuro cidadão adulto com a noção de cidadania e espírito de identificação com um legado cultural que recebeu dos seus antepassados, e que irá transmitida aos seus descendentes, de modo a fortalecer e consolidar aquilo a que se chama de nação.
Isto é aquilo que o Ministério da Educação deve almejar com o seu trabalho e nada mais que isto e, convenhamos que já é muito. O futebol profissional-espetáculo é essencial para a catarse do povo, para a diminuição de conflitos sociais, para a saúde psicológica dos mais introvertidos, que no futebol-espetáculo se transfiguram e ficam com dupla personalidade só voltando ao estado anterior na segunda-feira de cada semana. Também é essencial para o Governo já que distrai a atenção do povo dos assuntos políticos, do dia-a-dia, embora o povo tenha a possibilidade de aprovar ou rejeitar, essas políticas, de 4 em 4 anos.
Ora o que está errado é o Governo querer beneficiar da ‘força’ do futebol-espetáculo, e arrecadar para si o ‘prestígio’ nacional e internacional, dos sucessos alheios, por que além de politizar o futebol, desmotiva e transfigura o Ministério da Educação nacional. Para além disso é mais fácil manipular a inspeção dos espetáculos, a seu favor, sem ‘contaminar’ o Ministério da Educação e a juventude portuguesa.
Sociólogo
Escreve quinzenalmente