Hilda Indomável Hilst. O Porno choque brasileiro

Hilda Indomável Hilst. O Porno choque brasileiro


“Quando eu morrer/ Uma coisa infinita também morre. / É difícil dizê-lo: Morre o amor de um poeta.” Hilda Hilst morreu há 17 anos, em Campinas, a 4 de Fevereiro de 2004.


Hilda Hilst (1930-2004) foi sem dúvida a mais inconformada e incompreendida escritora do seu tempo, mas nem por isso, ou melhor, talvez por isso se tenha consagrado um ícone entre os escritores brasileiros da sua geração. Um ícone em contraste com um tempo que a seu ver parecia conspirar contra si, um tempo que parecia não se importar com o seu labor literário, um tempo que a cravejou de balas.

Hilda ansiava por ser lida, comentada e desesperava-se por não ser lida nem comentada. Desejava mais do que tudo chegar ao grande público e por isso tinha uma fome desarvorada de leitores, mas os leitores não estavam nem aí para a sua poesia ou prosa, e ela acreditou até ao fim da sua vida que, por mais esforços que tivesse feito, nunca estariam. Mesmo quando decide enveredar pela odisseia do pornográfico e “escrever umas coisas porcas” a ver se lhes despertava a atenção e talvez para provar que não era tão hermética ou filosófica, os leitores continuaram indiferentes e não lhe deram o justo merecimento, muito pelo contrário.

Muitas vezes longe das livrarias ou afastada dos circuitos literários, (ela que foi colega de faculdade de Haroldo de Campos), muito em parte pelo facto de se ter isolado na sua Casa do Sol, no interior de São Paulo, onde vivia, ermita rodeada pelos seus cães, foi pela mão de Massao Ohno que a maioria dos seus livros foi divulgada. Mas houve sempre da sua parte um rancor e uma revolta quanto à divulgação da sua obra.

A respeito dessa cortina de mágoa, desse inconformismo que a ensombrou, Massao Ohno testemunhou: “Inconformada com a pouca repercussão prática de sua extensa obra, Hilda – pour épater – enveredou pela aventura porno-erótica. O que lhe valeu algumas inimizades e pouco retorno trouxe.” Na verdade, esse retorno em literatura é um fenómeno conturbadamente aleatório, e é essa inconstância que a faz estar a um passo ora do fosso, do abismo e do belicoso, ora do cristalino e do reconhecimento. Mas essas inimizades a que o seu editor se refere devem-se também ao seu comportamento libertino, desregrado, ao excesso de álcool, ao facto de ter começado a escrever pornografia quando já não era nova. Talvez ninguém gostasse de ver uma velha a relatar episódios obscenos, asquerosos até. Talvez tenha passado uma certa imagem de demência ou de autora pervertida, mas essa perversão era apenas e só, um outro hemisfério do escudo humano na sua lírica.

Mas por enquanto foquemo-nos primeiramente no seu percurso poético.  A poeta que considerava que “É triste explicar um poema. / É inútil também. / Um poema não se explica. / É como um soco. / E, se for perfeito, te alimenta para a vida toda”, estreou-se em 1950 na poesia com Presságio, o seu primeiro volume de poemas e logo no ano seguinte com Balada de Alzira. Até aos anos 70 manter-se-ia sempre em exclusividade na poesia, embora tenha escrito nessa altura uma série de oito peças teatrais, sendo que O Verdugo teve um pouco de mais visibilidade chegando a receber o prémio Anchieta. Mas só na década de 70, e com a publicação de Fluxo-Floema, se estreia em prosa, sem que por algum momento se tenha alheado da poesia.

Aliás, Floema tem muito de poema como a própria fonética indica. Numa entrevista a Millôr Fernandes para Os Cadernos de Literatura Brasileira ( Millor Fernandes que também ilustrou o seu livro Lori Lamby), Hilda revelou que, com dezoito anos, idade com que escreveu em Presságio versos como “Somos iguais à morte / ignorados e puros e bem depois o cansaço brotando nas asas seremos pássaros brancos / à procura de um Deus”, recebeu uma carta de Cecília Meireles dizendo que “Quem disse isso precisa de dizer mais.”  E na verdade precisava. 

Hilda Hilst precisava de dizer tudo. E na verdade acabou por dizer tudo.
Influenciada por uma figura paterna culta e inteligente, mas profundamente perturbada, Hilda atribuía a seu pai Apolónio de Prado Hilst, ilustre intelectual, também poeta, jornalista e ensaísta, a razão de ser da sua poesia, da sua escrita violenta. Ainda nessa entrevista a Millôr Fernandes, Hilda conta que o pai que nunca quis ter filhos, quando ela nasceu a primeira coisa que disse foi “’Que azar’. Eles, na verdade, se separaram porque minha mãe estava grávida. Ele não queria isso. Queria uma amante. Aí, minha mãe engravidou. Quando ele soube que era menina, falou daquele jeito. Uma palavra que me impressionou demais: azar. Aí eu quis mostrar que eu era deslumbrante.”

A loucura do pai, as três noites de prazer que ele uma vez, confundindo-a com a mãe lhe pediu, foram episódios que a esmurraram para sempre, e sem dúvida, essa espécie de ‘bagunça’ interior entranhou-se profundamente no seu tecido literário. Mas essa ‘bagunça’ para recorrer à gíria brasileira não era loucura. Por causa dos seus antecedentes familiares (a mãe também teve que ser internada num sanatório), Hilda tinha pavor a enlouquecer. Embora muitos a considerassem louca, porque além de ver ovnis e de se comunicar com mortos, de ter optado por não ter filhos, acreditava em Marduck, um planeta que a seu ver estava encostado à Terra “em n dimensões”.

Leitora de Beckett, Bataille, Cioran, Husserl, Joyce, Poe, Carlos Fuentes, Borges, Kierkegaard, Wittgenstein que considerava “um louco deslumbrante”, para Hilda tudo o que escrevia resumia-se à poesia. “Toda a minha ficção é poesia. No teatro, em tudo, é sempre o texto poético, sempre.” Se pensarmos em Novalis que dizia “quanto mais poético mais verdadeiro”, chegamos facilmente ao pressuposto hilstiano que quanto mais pornográfico mais verdadeiro, quanto mais sexual mais conturbado, múltiplo.

Mas no pornográfico à primeira leitura ninguém lhe descobrirá nada de poético, rigorosamente nada, embora mais tarde, depois de digerida cada história, cada teia ulcerosa, o leitor até Deus tatuado no seu corpo lhe descobrirá. Deus sim, mas um Deus envolvido numa espiritualidade única, um Deus ‘Sem Nome’, ‘Aquele Outro’ unicamente seu, deslizando nas suas “ancas vivas”, no seu “flanco de acácias”. Mas a pornografia escancarada, sem luva nem mantilha, sem vergonha é na prosa, que mais do que na poesia atinge o seu cume, com a exceção de alguns poemas como “Tenta-me de novo” por exemplo. “E por que haverias de querer minha alma na tua cama? / Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas / Obscenas, porque era assim que gostávamos. / Mas não menti gozo prazer lascívia / Nem omiti que a alma está mais além / buscando Aquele Outro. E te repito: por que haverias / De querer minha alma na tua cama? / Jubila-te da memória de coitos e acertos. / Ou tenta-me de novo. Obriga-me.” É depois de ler os seus poemas mais sexualmente explícitos que se chega à conclusão de que não se sabendo bem nem como ou porquê, inexplicavelmente um certo brilho se perde na prosa.

O mesmo se passa com Deus, que se na poesia é mais ameno, na sua prosa é como que vaiado, pontapeado com escárnio. “Deus? aqui ó, só sei de Deus quando entro na boca cabeluda da biriba, e logo depois ouviu-se o estrondo, a igreja explodindo feito jaca lá do alto despencando” (Cartas de um Sedutor, p.15) ou ainda “Depois, o próprio Deus com face de andarilho ou daquele vadio do pneu e todo chagoso, me colocava um pneu no pescoço à guisa de colar, e exibia um não sei quê (como chamar o farfalho de Deus?), um chourição rosado e bastante kitsch, enfeitado de estrelinhas.” (p.51

De notar que esse brilho referente a um Deus na poesia se evapora para dar lugar a uma escrita crespada, acirrada e feroz. Mas é mesmo assim, e sem dúvida por causa disso acaba por ser na prosa que o leitor se confronta e escandaliza com um porno-choque, um porno-fúnebre, um porno macabramente emparedado entre a dor e o gozo. “O erótico não é a verdadeira revolução. O erótico, para mim, é quase uma santidade. A verdadeira revolução é a santidade.”

Mas como poderia Hilda Hilst considerar o erótico uma santidade, quando todos os seus personagens eram de uma devassidão total e absoluta? Sim, porque a maioria dos seus personagens era tremendamente devassa, mas por traz dessa devassidão, se atentarmos com minúcia, descobrimos uma fragilidade cristalizada, quase uma espécie de conversão.

Foi com a tetralogia O Caderno Rosa de Lori Lamby, (cujo livro o editor da época Caio Graco Prado se recusou a publicar) Contos D’Escárnio – textos grotescos, Cartas de um Sedutor e Bufólicas que se converteu ao reino do pornográfico. Cartas de um Sedutor, editado pela Campo das Letras, em 2004, é um livro que, como os anteriores, mexeu e remexeu com a condição literária da época e ainda hoje abalará qualquer leitor. Mexeu e remexeu porque é uma lírica cujo erotismo é gelado, siberiano. É um erotismo que serra os dentes e os pulsos à líbido, que lhe rói as unhas, a cega e desossa ensanguentada até à medula.

Encontramos de tudo em Cartas a Um Sedutor. Um velho nojento, ordinário, desdentado, catador de lixo e escritor que já não consegue escrever e Eulália, a jovem negra miserável que o acompanha há um ano pelas lixeiras da cidade. “Não quer foder não, Tiu? Tá cansadinho de escrever, não? (…) se ao menos eu conseguisse escrever. Escreve de mim, da minha vida antes deu te encontrar, da surra que o Zeca me deu, da doença qu’ele me passou, da minha mãe que morreu de dó do meu pai quando ele pôs o fígado inteirinho pra fora, do nenê qu’eu perdi, do Brasil ué!”

Não há como ficar indiferente a esta história, porque o velho tarado e nojento acaba por ser bom para ela, mas é uma bondade nojenta como ele. “Escrevo sim, Eulália, vou escrever da tua tabaca, do meu bastão. Não fala assim benzinho, só quero ajudá. Deita-se de bruços, chora um pouco, depois soluça, aí pego a pena de papagaio, uma daquelas com pluminhas verdes amarelas, e assoviando o hino nacional vou espenando sua bundinha, espeto a pena no anel, devagarinho vou alisando a lombada das nádegas e Eulália se ergue e se arreganha lassa, então vou entrando na mata, e deixo as polpas pra pena, bonita ali enfiada. Gozo grosso pensando: sou um escritor brasileiro, coisa de macho negona. Vamos lá.”

Talvez nem sejam tanto os termos ordinários que nos choquem, mas sim tudo o que se revolve no avesso da sua imundice humana.
Como se pode observar é uma linguagem coloquial, gramaticalmente desalinhada, sem maiúsculas no início das frases, diálogos corridos ao sabor de uma oralidade fulminante. De notar também neste exemplo que Hilda raramente nos indica os nomes próprios das suas personagens, por isso este é um ‘Tio’, nome a que recorrentemente se apelidam, entre si, no Brasil, as pessoas que não têm uma relação de proximidade. Mas independentemente e em oposição a esse modus tratandi, os dois eram próximos, mas essa proximidade não deixa de ser desconjuntada, angustiada e asquerosa.

Ainda em relação aos nomes de personagens é de notar que muitas vezes, não somente neste livro, mas também em outros, a escritora opta por nomes bíblicos, ou referentes a filósofos ou escritores. Se Eulália facilmente associamos à virgem e mártir espanhola, Albert imediatamente associamos a Camus, Marcel a Proust, Karl a Marx, Franz a Kafka ou Arthur a Miller. É como se fosse uma forma de esporrar a sua prosa pornográfica em altares filosóficos, altares onde Deus e os intelectuais estão ao mesmíssimo nível partilhando o mesmo sacrário “por que teu pau é assim mirrado? Desuso, meu caro. não diga, sempre te associei a caralhos frementes. não. Isso é Deus e o Lawrence. O D. H. Não o outro.”
Lawrence por exemplo, é um escritor que neste livro aparece citado várias vezes.

Seguindo o rol inicial das personagens do velho e de Eulália, o leitor vai chegar a muitas outras repugnantes. Vai dar de caras com a pueril Cordélia, a menina que chupava à noite o dedão grande do pé do pai sem que ele desse conta, e se masturbava a vê-lo jogar ténis sem que ele desse conta e que lhe roubava as cuecas sem que ele desse conta. Desde o primeiro capítulo que o leitor se depara sempre com personagens disfuncionais, estranhas, com comportamentos horripilantes. Vai ser o seu irmão homossexual quem nos põe a par destas revelações chocantes.

O que tem mais graça é que numa altura em que os homossexuais eram tão mal vistos na sociedade, a escritora timbra-o com um tom quase angelical, porque é ele quem limpa a imagem do pai perante o leitor para que não restem quaisquer sombras de dúvidas “Papai: que te acontece, Cordélia, todos os fins-de-semana tens uma cara, umas olheiras, um cansaço como se fosses tu a jogar ténis e não eu. E te abraçava. Aí gozavas. Ele nunca entendia aquele teu desmontar-se no momento do abraço: és muito molengona, muito desabada, filha, que te acontece”

Embora haja sempre um dedo apontado aos ‘outros’, aos vermes de bigodes, ao machismo exacerbado dos homens, a sua literatura notabiliza-se exponencialmente graças a estas inversões paradigmáticas.

Do homem que de repente na figura do pai é visto pela filha como um puro fetiche ou, como o irmão homossexual (ou bissexual), que na figura aparente de um beato castrador encarna rapidamente a pele de um irmão tarado. Se inicialmente ele a julga e repreende, logo depois a sua imagem desmancha-se e com isso, o leitor vai assistindo como que a uma deformação, a um desabamento de personalidades. São relações que parecem não ter consistência nem sentido. “Vontade de não dar sentido algum às coisas, às palavras e à própria vida. Assim como é a vida na realidade ausente de sentido.” E assim, num abrir e fechar de olhos, o irmão passa de casto a pervertido, porque também ele de igual modo desejava o pai tanto quanto ela.

“Quanto às terríveis recordações que tens do papai acho muito estranho. Terríveis porquê? Porque te sentes culpada de tê-lo desejado? Isso tudo me parece tão démodé e tão chato. Eu mesmo o desejei. Aquele peito dourado, aquelas coxas douradas, aqueles olhos amarelo-dourado, ah!!!” (p.33) ou ainda “Fala claro: fornicaste com o pai? Fui enganado todos aqueles anos? Me excluíste do prazer e do ódio de te ouvir os relatos ou de ver os factos?” (p.45).

Mas Hilda não se fica por aqui, ela ainda nos oferece como que numa bandeja ou melhor, na sua “mesa esquizofrénica” umas outras tantas personagens deste calibre. Importante fazer uma pequena menção a esta mesa, uma mesa sui generis, que faz parte do imaginário de um outro seu livro, uma mesa onde não se podia colocar nada em cima, porque nada era passível de permanecer de pé, em equilíbrio. Mas no claustro pornográfico de Hilda não há sanidade que valha a nenhuma personagem e, como se vê, nem as crianças escapam. Não é só Cordélia neste livro que é uma criança endemoniada, lembremo-nos de Lori Lamby (1990), ou Corina, a depravada adolescente de 15 anos que tinha relações com os homens todos da cidade inclusivamente com um jumento.

Esta crueza, esta podridão bolorenta investida na chancela pornográfica dos seus personagens é também um acto denunciador do caruncho social brasileiro, dessa “terra safada” onde até um pernambucano preferia ficar no Kuwait a ter que regressar a terras descobertas por Cabral. É uma denúncia embalsamada em estrangeirismos, onde a eloquência e termos brejeiros se fundem. Onde referências a Genet, a Freud, Tolstói, com A Morte de Ivan Ilitch, ou de Lawrence, com a sua Lady Chatterley, se animam por refinar a prevaricação e a salácia.

Por ser chocante ou interventiva, por ser um escape ou um manifesto, chega a ser arrepiante e constrangedora a sua lírica erótica, quer em poesia ou em prosa, mas na altura em que o nó na garganta quase nos provoca o vómito, restará sempre ao leitor “Amavisse”: “Como se te perdesse, assim te quero. / Como se não te visse (favas douradas sob um amarelo) / assim te apreendo brusco/ Inamovível, e te respiro inteiro. // Um arco-íris de ar em águas profundas. // Como se tudo o mais me permitisses, / A mim me fotografo nuns portões de ferro / Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima / No dissoluto de toda a despedida. // Como se te perdesse nos trens, nas estações / Ou contornado um círculo de águas / Removendo ave, assim te somo a mim: De redes e de anseios inundada.”

Há muitos poemas como “Amavisse” para resgatarem o leitor da sua inóspita muralha erótica. Poemas reunidos na coletânea “Do Amor”, por exemplo. Aliás, Lygia Fagundes Telles elege um desses poemas, “Aflição”, para encerrar um texto que escreveu sobre a amizade que as unia.
“Aflição de ser eu e não ser outra. / Aflição de não ser, amor, aquela/ Que muitas filhas te deu, casou donzela / E à noite se prepara e se adivinha / Objeto de amor, atenta e bela. // Aflição de não ser a grande ilha. / Que te retém e não te desespera. / (A noite como fera se avizinha //Aflição de ser água em meio à terra. / E ter a face conturbada e móvel. / E a um só tempo múltipla e imóvel / Não saber se se ausenta ou se te espera. / Aflição de te amar, se te comove./ E sendo água, amor, querer ser terra.”

Lygia Fagundes Telles, Lupe Cotrim Garaude ou Caio Fernando Abreu, a quem lemos em cartas carinhosamente tratar por ‘minha querida unicornia’, foram além de amigos, entusiásticos admiradores seus. Em Fico Besta Quando me Entendem, livro onde estão compiladas uma série de entrevistas suas, há uma em particular, que decorre no ano de 1987, onde Caio Fernando Abreu no lugar de entrevistador lhe pergunta: “Hilda, você acha o homem contemporâneo esvaziado de alma?” Ao que ela responde: “Sim, de alma, de espírito, de beleza. Eu acho que para o poeta ou o escritor, o artista, a primeira coisa que vem é uma vontade de beleza. Uma nostalgia talvez de uma beleza que você conheceu, uma beleza perdida, uma luz. E vem também as diferenças de paixões, a volúpia das palavras. Eu gosto das palavras. Eu tenho uma relação afetiva, sensorial. Tem palavras que deixam você com a boca cheia de água.”

Neste terrível confinamento valerá a pena descobrir o álbum “Ode descontinua e remota para flauta e oboé, de Ariana para Dionísio”, com dez poemas de Hilda, musicados por Zeca Baleiro, ou a peça O Caderno Rosa de Lori Lamby no Youtube. Talvez assim os dias sejam mais leves e menos famintos.