"Questionei a ministra da Agricultura a respeito da prática de preços abusiva das grandes cadeias de distribuição, que praticaram margens de lucro superiores a mil por cento entre o Natal e o ano novo. Os produtores foram miseravelmente pagos e os consumidores pagaram caro", começou por escrever Ricardo Vicente, deputado do Bloco de Esquerda no esquerda.net, portal do partido anteriormente mencionado.
Num gráfico, o engenheiro agrónomo comparou os preços de vários tipos de couve, courgetes, abóboras e alfaces na Região Oeste, produtos comercializados em bruto e consumidos em fresco, que não sofreram qualquer transformação ou embalamento após a colheita. "Os preços são todos da mesma semana", adiantou, referindo-se à margem de lucro de 175% com a courgete, 316% com o lombardo, 421% com o repolho, 893% com a abóbora menina, 1222% com o brócolo, 1321% com a couve flor e 1817% com a alface (o caso mais gritante, em que custa 0,18eur. ao produtor e 3,45eur. ao consumidor), quando comparados os valores de venda ao consumidor e ao produtor entre o Natal e o ano novo.
"A ministra respondeu-nos que foi retomada a PARCA (plataforma inventada por Assunção Cristas e que não teve qualquer resultado) e que o Governo se compromete a transpor uma diretiva comunitária com algumas medidas relevantes até 1 de maio, prazo limite estabelecido pela Comissão Europeia para o efeito. Não adiantou nada sobre medidas concretas", esclareceu, acrescentando que "a verdade é que o Governo está há dois anos a atrasar esta transposição, o Bloco propôs que a mesma fosse concretizada com urgência há um ano e essa proposta foi chumbada".
"Em tempos de pandemia, a agricultura não pára, mas precisa de mais do que elogios, é preciso garantir justiça na formulação de preços, para que os agricultores possam viver do seu trabalho, em especial os mais pequenos e mais frágeis", concluiu.