Doze livros de 2020

Doze livros de 2020


Álbum do ano:O Homem que Matou Lucky Luke, recriação fascinada e fascinante, com o melhor preito de homenagem, que não é uma cópia servil


No ano em que o maior vilão deu pelo nome de SARS-CoV-2, 12 dos livros aqui registados:

Álbum do ano: O Homem que Matou Lucky Luke, de Mathieu Bonhomme (A Seita). Recriação fascinada e fascinante dum ícone, com o melhor preito de homenagem, que não é o da cópia servil. Sabemos também por que razão Luke deixou de fumar.

Frase do ano: “Abandonados por Deus, era inevitável que o Diabo se interessasse por nós…” Fala de Duke em A Última Vez que Rezei, desenhos de Hermann, texto de Yves H. (Arte de Autor). Um processo de autodescoberta que estamos a acompanhar, uma luta individual da ética com o instinto. Hermann, como um dos maiores autores de BD vivos, Yves H. procurando servir o pai com argumentos à altura do talento que o fez parir.

Prestidigitação do ano: Zardo, de Tiziano Sclavi e Emiliano Mammucari (Sergio Bonelli), argumento a confundir deliberadamente o leitor, em que nada é o que parece, a começar pelo protagonista.

Heróis do ano: de carne e osso, Maurício Hora, cuja história André Diniz pôs em quadrinhos em Morro da Favela (Polvo), em segunda edição aumentada, na companhia de D. Iracema, um sorriso colorido num meio dum certo inferno.

Sex appeal do ano: a volúpia divide-se entre Blandine, a stripper ex-hospedeira, irmã gémea de uma conceituada harpista clássica, ovelha negra do par, em L’Instant d’Aprés, de Zidrou e Éric Maltaite (Dupuis) ou a prattiana Lady Darksee, bela, vaporosa, destemida, insolente, em Raven, de Mathieu Lauffray (Dargaud), história de piratas.

Patife do ano: Denis, “o executor”, assassino em missões oficiais, que se descobre com um resquício de consciência: Le Tueur –Affaires d’État 1. Traitement Négatif, por Matz & Jacamon (Casterman).

Escapismo do ano: a fantasia histórica de Colt & Pepper – Pandemonium à Paragusa, texto de Darko Marcan, desenhos de Igor Kordej (Delcourt), América, século XVII, coabitação entre monstros e homens, tiranos e sublevados.

Maluquice do ano: as desventuras de Mafaldo Limparrim na vila imaginária de Poço Novo (Alto Minho), em O Penteador, desnovela gráfica e insana de Paulo J. Mendes (Escorpião Azul).

Vírus do ano: o SARS-CoV-2, foi invectivado pelo catalão Max em Manifestamente Anormal (Panfleto e Catarse), diário do confinamento em que ninguém escapa (separata do jornal A Batalha, #288-289, Centro de Estudos Libertários). Mas os vírus não se ficaram por aqui: a epidemia de febre amarela foi este ano recuperada com a reedição de No Lazareto de Lisboa (1881), de Rafael Bordalo Pinheiro (Pim! e Museu Bordalo Pinheiro), enquanto, em narrativa pós-apocalíptica, um misterioso organismo vindo do centro da terra destruiu todos os metais, voltando a Humanidade à madeira e ao couro: Le Convoyeur [o entregador], argumento de Tristan Roulot e desenhos de Dimitri Armand (Le Lombard).

1. O Homem que Matou Lucky Luke , de Mathieu Bonhomme (A Seita)

 

2. Duke – A Última Vez que Rezei, , por Hermann & Yves H. (Arte de Autor)

 

3. Raven 1. Némesis, de Mahtieu Laufray (Dargaud)

 

4. Le Convoyeur #1 . Nymphe, de Roulot & Armand (Le Lombard)

 

5. Manifestamente Anormal, de Max (encarte de A Batalha).

 

6. O Penteador, de Paulo J. Mendes (Escorpião Azul)

 

7. Zardo, por Sclavi & Mammucari (Sergio Bonelli Editore)

 

8. Le Tueur – Affaires d’État #1. Traitement Négatif, de Matz & Jacamon (Casterman)

 

9. L’Instant d’Aprés, de Zidrou & Maltaite (Dupuis)

 

10. Colt & Pepper – Pandemonium à Paragusa, por Markan & Kordej (Delcourt)

 

11. Morro da Favela, de André Dinis, 2.ª ed., aumentada (Polvo)

 

12. No Lazareto de Lisboa, de Rafael Bordalo Pinheiro (Pim! Edições e Museu Bordalo Pinheiro)

 

BDTECA

Druillet. Philippe Druillet (Toulouse, 1944) é um nome quase mítico da BD francesa, autor de Lone Sloane, viajante do cosmos, personagem emblemática que assentou praça nas revistas Pilote e Metal Hurlant. Há quem fale em estilo barroco, embora não pareça desajustado evocar o rococó a propósito do seu desenho imbricado. Em Mirages et Folies Augmentées, a Glénat, editora de Grenoble, publica um conjunto de narrativas menos conhecidas, algumas com argumentos de sua autoria e desenhos de outros artistas.
 
Homem-Cão. Ao mesmo tempo que se reedita o primeiro volume da série criada por Dav Pilkey, criador do célebre Capitão Cuecas, a Marcador, chancela da Editorial Presença fez sair o sexto volume da série Homem Cão. Intitulado O Grito Selvagem, estabelece um diálogo com O Apelo da Selva, o clássico de Jack London.
 
Por um Punhado de Dracmas. Na Grécia Antiga, uma cidade do Epiro está ameaçada por um ferocíssimo leão, tendo o tirano oferecido uma avultada recompensa a quem conseguisse liquidar a fera. Um mercenário ateniense e um renegado espartano juntam esforços para merecerem o quantioso prémio. À medida que se apercebem das dificuldades, o que parecia um animal singularmente perigoso começa a tomar contornos de maldição do Olimpo. Merecerá a fortuna o risco de desagradar os deuses? Texto e desenhos de Ivan García, cor de Ruth O’Leary, Grafito Editorial, Valência, 2020.