Chegados até aqui, este Natal será forçosamente diferente, mas não tem de ser inevitavelmente pior. Aproveitemos este período para relocalizar a bússola dos valores da partilha, solidariedade e da caridade. Centremos na família, enquanto pilar nevrálgico da sociedade, o poço de inspiração para o nascimento do Homem novo. De recomeçar um novo desígnio, porque a cada dia é-nos oferecida uma nova oportunidade, uma etapa nova. Não podemos viver resignados e esperar tudo daqueles que nos governam, temos uma obrigação moral de corresponsabilidade capazes de iniciar uma transformação necessária. Sejamos parte activa na reabilitação da sociedade em que vivemos. É possível começar de baixo, mudar o local e aquilo que nos é mais próximo até ao último patamar da nossa pátria ou do mundo global em que estamos inseridos. Façamos das dificuldades oportunidades para crescer e não desculpas para resignar. Mas não o façamos sozinhos, tenhamos a capacidade de convidar outros para que o “nós” seja mais forte, para vencermos a mesquinhez, o ressentimento de particularismos estéreis e os egos infantis.
Façamos deste Natal uma celebração para o futuro, de cuidarmos e estarmos atentos aos homens, mulheres, crianças, jovens e idosos mais frágeis numa atitude de solidariedade e esperança.
Tenhamos a capacidade de reconhecer no próximo o serviço e a dedicação para uma Humanidade mais verdadeira. Que o amor ao próximo reflita um acolher os outros numa abertura de respeito e capacidade de acolher quem é diferente de nós, numa verdadeira aventura, sem fim, para a construção de um mundo melhor.
Num ano como este houve e há heróis, que sempre existiram e sempre estiveram lá mas, que pelo fugaz da vida, nunca foram valorizados como deviam. Quantas vezes deixaram as suas famílias para estarem dedicados aos nossos, semeando a esperança, dando a própria vida e encarando o dia a dia sem medo, com uma fé e uma entrega inabaláveis. Face às circunstâncias, fomos capazes de reconhecer como as nossas vidas são tecidas e sustentadas por desconhecidos comuns, que escrevem nos livros da história acontecimentos sem assumir o protagonismo dos holofotes do mediatismo: médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, bombeiros, forças de segurança, forças armadas que assumiram a linha da frente, mas depois outros tantos que garantiram serviços essenciais e que deram sentido a um pensamento tantas vezes repetido que ninguém se salva sozinho.
Mas esta é, também, a hora de falar do futuro e de como queremos responder amanhã. Está na hora de refazer a política e de dar esperança numa vida melhor para cada português. É realmente uma pena que se perca demasiado tempo no presente a cultivar a conservação do poder, em vez de lhe dar sentido para futuro, já que é, sempre, o futuro que nos define e interpela.
Portugal estagnou, não cresceu nada e perdeu a sua vertente reformista. Precisamos de construir uma voz direita, que responda aos portugueses, devolvendo a esperança numa vida melhor para cada um de nós.
Falem para os jovens como eu, dêem-nos a esperança de voltar a sonhar com um futuro promissor. Falem-nos verdade, agora que estamos a entrar no mercado de trabalho com uma das maiores incertezas de sempre e para aqueles que já lá se encontram mas de uma forma precária e pouco reconhecida. Queremos construir o nosso projecto de vida, constituir família e sermos felizes no País que nos viu crescer. Digam-nos que vale a pena ficar e que, por mais que seja difícil, não nos vão trair.
Ofereçam uma alternativa aos portugueses e uma escolha clara de governação em que se valorize a liberdade de iniciativa, a defesa da propriedade privada, a não exploração do cidadão pelo estado e a valorização da nossa cultura, tradição e história.
Saibam responder à nossa geração que o País tanto investiu, não permitam que procuremos alternativas lá fora e, assim, viremos as costas a Portugal. Queremos um país que apenas crie oportunidades, que o mérito e a liberdade de escolha sejam o único factor diferenciador e que olhem para o conhecimento e inovação como a grande arma económica do nosso século.
Que respondam aos problemas reais e nos devolvam uma sociedade de futuro e em liberdade. Uma sociedade diversa, inclusiva e aberta capaz de potenciar as oportunidades, que promova a qualificação e a independência dos portugueses. Que possibilite e patrocine a sustentabilidade e a solidariedade junto dos mais desprotegidos.
Está na hora de traçar o caminho, arrepiar estratégias e juntos podermos devolver uma voz de esperança aos portugueses.
Este é o momento de nos fazer voltar acreditar que é possível pensar no futuro das próximas gerações, em detrimento das próximas eleições.
É com esta esperança que desejo a todos um Santo e feliz Natal e um próspero ano de 2021.
Presidente da Juventude Popular