Globalização verde, digital e social


Na pandemia, a União Europeia afundou-se em conjunto. É por isso em conjunto que tem de recuperar.


O bom senso, o sentido solidário e o primado do Estado de direito combinaram-se numa duríssima negociação entre 27 países unidos pelo sentido de pertença a uma parceria de paz e desenvolvimento e permitiram viabilizar no Conselho Europeu o pacote de financiamento para a recuperação da União Europeia, conjugando o fundo de resposta imediata e o quadro plurianual 2021/2027, mobilizando uma verba total de 1,8 biliões de euros. No mesmo Conselho, os 27 chegaram também a acordo em relação a uma ambiciosa meta de redução de 55% das emissões de CO2 até 2030, como passo intermédio para atingir a neutralidade carbónica até 2050.

Ontem mesmo, o Parlamento Europeu deu a sua palavra final de consentimento à nova bazuca verde, digital e social, depois de ter tido um papel muito relevante na negociação e na valorização dos programas determinantes para o desenvolvimento sustentável, a coerência política e a afirmação externa da União.

Está em jogo a resiliência e a recuperação da União Europeia no imediato e numa perspetiva de médio prazo, na qual a autonomia estratégica se revelou uma condição chave para a cooperação multilateral e para manter intactas as ambições geopolíticas.

Na pandemia, a União Europeia afundou-se em conjunto. É por isso em conjunto que tem de recuperar, liderando a revolução industrial que deveria ter sido pós-Paris e que agora será pós-covid-19, continuando a apostar numa transição energética que lhe garanta competitividade e segurança de abastecimento, desenvolvendo uma transição digital humanista e com valores de proteção e acesso universal aos novos bens e serviços e adaptando o seu modelo social aos desafios da sociedade em mudança.

No quadro da presidência portuguesa da União Europeia realizar-se-á no Porto, no final de maio de 2021, uma Cimeira Social. Esse será o momento para dar consistência ao pilar social do projeto europeu, com medidas concretas de articulação no salário mínimo ou no subsídio de desemprego, além de outras reformas estruturais com menos reflexo imediato.

Será também no quadro da presidência portuguesa que se deverá iniciar a Conferência sobre o Futuro da Europa, uma iniciativa fundamental de cidadania e envolvimento das pessoas, das comunidades, dos territórios, das organizações e das instituições na definição e no acompanhamento das políticas de recuperação e afirmação estratégica.

É preciso combinar o emprego com a justiça social e o combate às desigualdades. Não é uma equação fácil, mas tem solução. Por um lado, exige uma frente agressiva de requalificação para que uma parte significativa dos trabalhadores do analógico migrem para o digital. Em segundo lugar, recomenda espremer todo o potencial de emprego e criação de valor associado à digitalização verde. Finalmente, convoca a reconfiguração dos serviços e produtos tradicionais massificados, transformando-os em ofertas por medida, estruturalmente viáveis.

O posicionamento da UE na globalização verde, digital e social passa por Portugal. Seremos mais uma vez um entreposto de transformação global e modernizadora, como fomos muitas vezes no passado e como conseguimos ser nas anteriores presidências da União a que fomos chamados.

Eurodeputado

Globalização verde, digital e social


Na pandemia, a União Europeia afundou-se em conjunto. É por isso em conjunto que tem de recuperar.


O bom senso, o sentido solidário e o primado do Estado de direito combinaram-se numa duríssima negociação entre 27 países unidos pelo sentido de pertença a uma parceria de paz e desenvolvimento e permitiram viabilizar no Conselho Europeu o pacote de financiamento para a recuperação da União Europeia, conjugando o fundo de resposta imediata e o quadro plurianual 2021/2027, mobilizando uma verba total de 1,8 biliões de euros. No mesmo Conselho, os 27 chegaram também a acordo em relação a uma ambiciosa meta de redução de 55% das emissões de CO2 até 2030, como passo intermédio para atingir a neutralidade carbónica até 2050.

Ontem mesmo, o Parlamento Europeu deu a sua palavra final de consentimento à nova bazuca verde, digital e social, depois de ter tido um papel muito relevante na negociação e na valorização dos programas determinantes para o desenvolvimento sustentável, a coerência política e a afirmação externa da União.

Está em jogo a resiliência e a recuperação da União Europeia no imediato e numa perspetiva de médio prazo, na qual a autonomia estratégica se revelou uma condição chave para a cooperação multilateral e para manter intactas as ambições geopolíticas.

Na pandemia, a União Europeia afundou-se em conjunto. É por isso em conjunto que tem de recuperar, liderando a revolução industrial que deveria ter sido pós-Paris e que agora será pós-covid-19, continuando a apostar numa transição energética que lhe garanta competitividade e segurança de abastecimento, desenvolvendo uma transição digital humanista e com valores de proteção e acesso universal aos novos bens e serviços e adaptando o seu modelo social aos desafios da sociedade em mudança.

No quadro da presidência portuguesa da União Europeia realizar-se-á no Porto, no final de maio de 2021, uma Cimeira Social. Esse será o momento para dar consistência ao pilar social do projeto europeu, com medidas concretas de articulação no salário mínimo ou no subsídio de desemprego, além de outras reformas estruturais com menos reflexo imediato.

Será também no quadro da presidência portuguesa que se deverá iniciar a Conferência sobre o Futuro da Europa, uma iniciativa fundamental de cidadania e envolvimento das pessoas, das comunidades, dos territórios, das organizações e das instituições na definição e no acompanhamento das políticas de recuperação e afirmação estratégica.

É preciso combinar o emprego com a justiça social e o combate às desigualdades. Não é uma equação fácil, mas tem solução. Por um lado, exige uma frente agressiva de requalificação para que uma parte significativa dos trabalhadores do analógico migrem para o digital. Em segundo lugar, recomenda espremer todo o potencial de emprego e criação de valor associado à digitalização verde. Finalmente, convoca a reconfiguração dos serviços e produtos tradicionais massificados, transformando-os em ofertas por medida, estruturalmente viáveis.

O posicionamento da UE na globalização verde, digital e social passa por Portugal. Seremos mais uma vez um entreposto de transformação global e modernizadora, como fomos muitas vezes no passado e como conseguimos ser nas anteriores presidências da União a que fomos chamados.

Eurodeputado