Há um “caminho muito estreito” para um acordo comercial pós-Brexit, avisou ontem a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Não é uma previsão otimista, mas é mais animadora do que a da semana passada, quando Von der Leyen avisou que o mais provável era não haver acordo.
“Como as coisas estão, não posso dizer-vos se haverá um acordo ou não. Mas posso dizer-vos que agora há um caminho para um acordo. O caminho pode ser muito estreito, mas está lá. E, como está lá, a nossa responsabilidade é continuar a tentar”, declarou Von der Leyen perante o Parlamento Europeu.
Os dois pontos que causam discórdia entre o Reino Unido e a UE são sobretudo as condições de concorrência justa e as pescas. Esta última questão continua a ser das mais complexas, correndo o risco de “afundar as negociações do Brexit”, como escreveu o Guardian.
“Nas pescas, as discussões continuam a ser muito difíceis. Não questionamos a soberania do Reino Unido nas suas águas, mas pedimos previsibilidade e estabilidade para os nossos pescadores e pescadoras. Com toda a honestidade, às vezes parece que não conseguiremos resolver esta questão, mas temos de continuar a tentar”, frisou a presidente da Comissão Europeia.
Já para o Reino Unido, o assunto tem sobretudo peso simbólico. Muito antes do referendo de 2016, o acesso exclusivo ao peixe em águas britânicas era uma bandeira dos futuros brexiteers, símbolo de soberania e de um regresso a uma economia virada para a produção.
Em relação às condições de concorrência, Von der Leyen garante que, para a UE, a questão é “simples”: é necessário “assegurar concorrência justa” no mercado único europeu. A dirigente reforçou que a “arquitetura” europeia se baseia em dois pilares: as ajudas de Estado e os padrões de mercado.
“Nas ajudas de Estado fizemos progressos, baseados em princípios comuns, garantias de execução doméstica e a possibilidade, de maneira autónoma, de remediar a situação quando for preciso”, sublinhou.
Já na questão dos padrões de mercado, a presidente da Comissão referiu que foi dado “um grande passo em frente” ao ter sido acordado um “mecanismo robusto de não regressão” entre os parceiros, mas que se mantêm “dificuldades acerca da maneira de chegar a uma concorrência justa e que esta se mantenha no futuro”.