APED apela ao fim de medidas “sem qualquer efeito prático na defesa da saúde pública”

APED apela ao fim de medidas “sem qualquer efeito prático na defesa da saúde pública”


Associação diz que filas à porta das lojas são o resultado mais visível de “medidas irracionais no combate à pandemia”.


A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) considera que as sucessivas medidas de restrição impostas ao Retalho estão a provocar danos nefastos ao setor e à produção nacional e pede ao Governo que volte atrás nas medidas, nomeadamente na redução dos horários de funcionamento ao fim de semana e a proibição da venda de álcool a partir das 20h00.

Em comunicado, esta quarta-feira, a APED fala em prejuízos avaliados em dezenas de milhões de euros e num impacto considerável na estabilidade de mais de 100.000 postos de trabalho, quer do retalho alimentar quer do retalho especializado, e apela o Executivo socialista que “retire medidas sem qualquer efeito prático na defesa da saúde pública”.

“Está em causa não só a sustentabilidade do Retalho como de um conjunto de setores da produção nacional, que estão a ser severamente condicionados no escoamento dos seus produtos. A produção nacional está a ser duplamente penalizada: pelos efeitos decorrentes da pandemia, mas sobretudo pela tomada de decisões do Governo que se têm revelado inconsequentes em termos de contributo para a saúde pública, principalmente no que diz respeito aos horários do comércio”, refere Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED.

Para a APED a restrição dos horários de funcionamento dos espaços comerciais do Retalho Alimentar e Retalho Não Alimentar é uma das medidas que “apenas têm causado constrangimentos aos consumidores e às empresas”. A associação considera que a decisão de alterar o horário de funcionamento dos espaços comerciais é “arbitrária, tomada sem uma evidência científica, que apenas veio causar dificuldades no planeamento das compras das pessoas e dificuldades acrescidas na gestão das lojas”.

A APED diz ainda que as filas à porta das lojas são o resultado mais visível de “medidas irracionais” no combate à pandemia

“A restrição de funcionamento ao fim de semana apenas tem levado a maior aglomeração de pessoas, a uma corrida aos espaços comerciais, levando à existência de filas de mais de uma hora para entrar. Se se queria evitar ajuntamentos, esta foi uma medida de sinal contrário que poderia ser evitada com horários mais extensos e com o aumento do número de pessoas em loja, mantendo a segurança”, afirma Gonçalo Lobo Xavier.

A associação critica ainda a manutenção do rácio de pessoas em loja. A APED refere que Portugal continua a ter um limite de cinco pessoas por 100 metros quadrados, quando países como Espanha ou França, “têm o dobro e são mais suaves nas medidas que impactam o comércio e a venda de bens essenciais”. Uma condicionante que se torna ainda mais penalizante em dezembro, um período tradicionalmente importante e forte de compras.

“Uma vez mais, é uma medida que revela pouca visão e pouco conhecimento da realidade vivida nos espaços comerciais. A passagem de cinco para 10 pessoas, como temos vindo a propor ao longo dos últimos meses, permitiria um maior tráfego em loja, com a mesma segurança e com maior possibilidade de terminar com as filas à porta das lojas. Os espaços comerciais têm todas as condições para receber mais pessoas com total segurança. Isso mesmo poderá ser confirmado pela Direção Geral de Saúde”, acrescenta o diretor-geral da APED.

Uma terceira medida considerada “nefasta” pela APED é a proibição da venda de álcool a partir das 20h00. A associação sublinha que a definição de uma hora limite para compra apenas contribui para gerar um aumento de tráfego inusitado nas lojas nesse período do dia com enorme prejuízo para o setor do vinho e das bebidas espirituosas, “que já estimam perdas acima dos 16 milhões de euros só com esta medida”.

“Esta restrição é mais uma medida sem paralelo na Europa. É um exemplo crasso de como estão a ser tomadas medidas avulsas, sem qualquer efeito prático na defesa da saúde pública”, afirma Gonçalo Lobo Xavier. “Se no verão ainda se compreendia o racional – evitar os ajuntamentos se estavam a registar em espaços públicos -, a manutenção desta medida ao longo de todos estes meses, sem um enquadramento, sem um racional que a sustente, apenas está a levar ao agravamento dos prejuízos de setores tradicionais da nossa economia, como são o do vinho e espumantes, já fortemente penalizados pelos efeitos da pandemia”, alerta. “Não se percebe o que está por trás desta decisão. Saúde pública não será com certeza”, remata o responsável.