Sem surpresa, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a sua recandidatura à Presidência da República.
Eu acrescento mesmo que foi com alívio que muitos portugueses ouviram aquela declaração.
De facto, o país precisa que Marcelo continue na Presidência, numa época de grandes incertezas e de enormes dificuldades.
Portugal precisa de um Presidente que se constitua como referência de equilíbrio, mas com a face humana que Marcelo evidenciou ao longo do seu mandato. Aquilo que muitos lhe criticaram, a sua proximidade com as pessoas, que esses mesmos consideraram excessiva, foi, sem dúvida, a sua maior contribuição para a conciliação de muitos portugueses com a classe política.
Marcelo esteve em todo o lado, é verdade. Mas esteve de corpo inteiro, sem reservas, sem falsidade. Mostrou que a sua presença fazia a diferença e o que é verdade é que, em muitos casos, ajudou a resolver problemas.
Terá sido uma muleta do Governo? De certa forma, sim, mas também foi um árbitro pronto a mostrar o cartão amarelo.
Exagerou algumas vezes nos comentários? Talvez, mas eles constituíram uma referência que se tornou insubstituível.
Terá sido demasiado popular? Para uma determinada ala da nossa classe política, avessa e até temerosa do contacto direto com os cidadãos, sem dúvida. Mas o que acharam esses mesmos cidadãos da atitude descomplexada do seu Presidente?
A resposta será dada certamente nas eleições de janeiro, mas não é difícil adivinhar qual é.
Os seus adversários nesta corrida vão ter muita dificuldade em acertar nos ataques que lhe vão dirigir, a avaliar já pelos primeiros.
Para a candidata Ana Gomes, a quem não se pode negar a coragem e o empenho na defesa das suas causas, Marcelo é “o maior desestabilizador do Estado”, responsabilizando-o ainda pelo acordo entre o PSD e o Chega nos Açores. Para o candidato comunista, João Ferreira, a sua presidência terá contribuído para “degradar a vida dos trabalhadores”.
Está à vista a consistência das críticas.
A corrida a Belém não será certamente um passeio para Marcelo, mas o seu desfecho não levanta grandes dúvidas.
Marcelo fará um segundo mandato como Presidente da República e a maioria dos portugueses agradecem.
Jornalista