Grande Lisboa alivia medidas com alguns concelhos resvés no vermelho (atualizada)

Grande Lisboa alivia medidas com alguns concelhos resvés no vermelho (atualizada)


Alívio de restrições no próximo fim de semana abrange 1,2 milhões de pessoas na área metropolitana de Lisboa. Amadora e Sintra deixaram de estar no patamar de risco muito elevado mas dados da DGS mostram que ainda estão muito próximo.


No próximo fim de semana deixa de haver restrições à circulação da parte da tarde na maioria dos concelhos da Grande Lisboa, sendo a primeira zona com elevada densidade populacional a ter um alívio de medidas nesta segunda vaga da epidemia – no grande Porto, a maioria dos concelhos continua dentro dos patamares de maior risco sujeitos a medidas mais apertadas. Apesar de os concelhos da Amadora, Oeiras, Cascais, Sintra, Odivelas e Vila Franca de Xira terem deixado de estar no nível de contágio muito elevado, quando se verificam nos 14 dias anteriores mais de 480 novos casos por 100 mil habitantes, a informação por concelho disponibilizada esta segunda-feira pela Direção Geral da Saúde mostra que o nível de contágio na semana passada permanecia muito próximo desse patamar em alguns dos concelhos que agora vão aliviar medidas e que sendo dos mais populosos do país têm mais casos de covid-19 do que outros concelhos mais pequenos que se mantêm com restrições. Nos últimos 14 dias, registaram um total de mais de 5 mil novos casos.

Na Amadora o balanço fica mesmo resvés: o concelho registou 477 casos por 100 mil habitantes no período entre 19 de novembro e 2 de dezembro, revelam os dados da DGS, que o i analisou. No concelho de Sintra, que depois de Lisboa é o mais populoso do país, verificava-se uma incidência de 460 casos por 100 mil habitantes. É uma descida face ao balanço anterior mas tendo em conta que Sintra tem cerca de 390 mil habitantes, significa que nestes 14 dias se registaram no município 1800 novos casos, o que dá uma média de 128 casos por dia. Destes seis concelhos da área metropolitana de Lisboa onde os fins de semana regressam a alguma normalidade, o de Oeiras é o único abaixo dos 400 casos por 100 mil habitantes, tendo sido o menos afetado na grande Lisboa nesta segunda vaga da epidemia – integrou a lista de concelhos com mais restrições por fazer fronteira com Amadora, Cascais, Sintra e Amadora.

Semana atípica Este último balanço tem ainda uma particularidade: tal como nas últimas semanas, foi calculado à quarta-feira com dados respeitantes aos 14 dias anteriores, o que na semana passada incluiu segunda-feira, dia de tolerância de ponto, e terça-feira 1 de dezembro, feriado, dias em que houve menos notificações do que o habitual uma vez que alguns laboratórios estão fechados ao feriado. Ao longo da semana acabou por haver mais notificações e no sábado foi reportado o número mais elevado da semana, com mais de 6 mil diagnósticos na sexta-feira, balanço que não se reflete assim nas incidências usadas pelo Governo para rever o mapa de risco a nível nacional que baliza a renovação do estado de emergência nas próximas duas semanas. O i tentou perceber se junto da Direção Geral da Saúde e do Ministério da Saúde se não existe o risco de uma subestimativa da realidade nos diferentes concelhos e se esta será a avaliação usada para aliviar as restrições no próximo fim de semana e se em concelhos como Sintra e Amadora, mais populosos e próximos do nível de risco muito elevado, se não existe um risco de um retrocesso nas melhorias até aqui, mas ontem não foi possível ter resposta até à hora de fecho.

O preto, o branco e o cinzento Ao i, o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, um dos peritos que trabalharam na definição dos mapas de risco a nível nacional, diz que o risco de aumento de casos ao serem levantadas medidas é real mas considera que não existem critérios “ótimos” que captem as diferentes realidades de todos os concelhos, defendendo as mais-valias de serem usados critérios uniformes em todo o país. “Existem sempre diferentes variáveis, concelhos mais pequenos têm uma situação distinta de concelhos maiores, perceber se a tendência é de descida ou subida, mas ao ser estabelecido um critério todas as pessoas sabem com o que contar. Sabemos que não é tudo preto ou branco, há muitos cinzentos. Se os critérios mudassem para uns concelhos, teriam de mudar para todos. Entre abrir exceções ou seguir regras iguais para todos, sou mais favorável a seguir-se a regra e monitorizar”.

O especialista ressalva no entanto que o risco permanece elevado. Dentro de duas semanas será feita nova avaliação, que permitirá perceber a evolução, também na área metropolitana de Lisboa. O primeiro-ministro apontou para uma avaliação a 18 de dezembro, admitindo que as regras para o Natal e Ano Novo poderão, se necessário, sofrer ajustes. Para Manuel Carmo Gomes, se houver necessidade de alterar planos, deverão ser regras mais uma vez idênticas em todo o país.

Apesar das oscilações diárias e de atraso no reporte de casos no início da semana passada, que deverá repetir-se também esta semana, o investigador diz que se mantém a tendência de descida do número de casos, ainda que um pouco mais lenta do que se esperava (uma redução em torno de -1,8% ao dia). No Natal, o a projeção da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa é de que o país registe uma média de 2500/3000 casos diários de covid-19. “Acredito que nessa altura os casos param de descer e que poderemos ter um planalto e um aumento de casos 15 dias depois. Neste momento não conseguimos dizer de quanto. Até ao final do primeiro trimestre e enquanto se vacinam os grupos de risco, continua haver risco. A partir daí, creio que será possível mesmo com um aumento de casos diminuir internamentos e incidência nos grupos de maior risco”, diz Carmo Gomes. Uma visão otimista sobretudo para a segunda metade de 2021, que deixou na última reunião no Infarmed. Até lá, há luz ao fundo do túnel, mas a guarda é para manter.

Concelhos com maior contágio  (19 nov a 2 dez)  

Mais de 960 casos por 100 mil habitantes/14 dias – risco extremamente elevado

Freixo de Espada à Cinta (2153), Mondim de Basto (2030), Gavião (1931), Trofa (1848),Guimarães (1814), Vila Nova de Famalicão (1789), Fafe (1656), Póvoa de Lanhoso (1623), Póvoa de Varzim (1620), Chaves (1556), Lousada (1531), Espinho (1437), Barcelos (1422),Marvão (1398), Felgueiras (1391), Armamar (1387), Vila do Conde (1383),Esposende (1273), S7. Maria da Feira (1234), Vieira do Minho (1224),Portalegre (1200), Braga (1168), Penafiel (1151), Santo Tirso (1128), Paços de Ferreira (1107), Vizela (1088) Valpaços (1087), Paredes (1076), Nisa (1056), Cabeceiras  de Basto (1017), São João da Madeira (1011), Belmonte (1000)Macedo de Cavaleiros (971)Valença (963), Miranda do Corvo (960)

Entre 480 e 960 casos  – risco muito elevado

Vila Pouca de Aguiar (953),Amarante (951), Vila Verde (944), Marco de Canaveses (932), Valongo (931), Oliveira de Azeméis (926), Baião (912), Vila Nova de Gaia (900), Crato (895), Miranda do Douro (893), Alfândega da Fé (879), Ovar (872), Vale de Cambra (867), Gondomar (864), Amares (833), Vimioso (795), Pampilhosa da Serra (793), Arouca (787), Lamego (775), Porto (765), Seia (765),Boticas (760), Bragança (756), Torre de Moncorvo (741), Maia (740), Matosinhos (735), Murça (732), Anadia (730), Rio Maior (707), Figueira da Foz (701), Mourão (694), Guarda (693), Albergaria-a-Velha (692), Azambuja (682), Sátão (674),Celorico de Basto (672), Cinfães (658), Águeda (655)Cuba (653), Murtosa (652),Aguiar da Beira (645), Penacova (643), Ponte de Lima (641), Oliveira do Bairro (634), Mirandela (625), Ílhavo (618), Castelo Branco (616), Sabugal (614), Covilhã (609), Viana do Castelo (604),Alandroal (601), Manteigas (599), Vila Nova de Paiva (597), Cartaxo (587), Chamusca (587), Castelo de Paiva (582), Alcanena (578), Povoação (574), A. de Valdevez (564), Soure (561), Lisboa (556), Almada (553), Alijó (546), Estarreja (542), Caminha (529),Aveiro (528), P. da Barca (528), Vila Real (522), Loures (520), Torres Vedras (514),Mortágua (511), Sardoal (508), Tarouca (500), Barreiro (499), Cantanhede (494), Ansião (490), Condeixa-a-Nova (485), Gouveia (484), Serpa (482)

Entre 240 e 480 casos – risco elevado

Penalva do Castelo (478),  Amadora (477), Mira (473), Fundão (472), Golegã (468), Montalegre (467), Setúbal (467), Lousã (460), Sintra (460), Montemor-o-Velho (456), Terras de Bouro (456), Seixal (455), Castro Daire (449), Odivelas (449),Figueira de Castelo Rodrigo (448), V. F. de Xira (447), Coimbra (446),  Odemira (441), Viseu (441), Moita (435), Alenquer (431), Montemor-o-Novo (428), Resende (424), Sta Marta de Penaguião (424), Sines (423), Évora (419), Cascais (417), V. N. de Foz Côa (415), Monção (409), Penela (408), Celorico da Beira (404), Fronteira (403), Santarém (397) Sobral de Monte Agraço (394), Montijo (391), Alcochete (389), V. N. de Poiares (389), Vila do Bispo (388), Penedono (386), Peniche (385), Mealhada (382), Ourém (381),Reg. de Monsaraz  (379), Barrancos (367), Leiria (364), Oeiras (357),Grândola (355), Mafra (354),Vinhais (349), C. de Vide (343), Sesimbra (343), Lagos (342), Oleiros (340), Nelas (339), Pombal (338), Arganil (336), Mação (335), Sever  do Vouga (335), Portimão (328), Marinha Grande (325), Melgaço (321), T. Novas (321), Arronches (319), Alter do Chão (316), Vagos (312), Almeida (309), Palmela (308), Almeirim (306), Faro (303),Lagoa (303), Carregal do Sal (302), Ribeira Grande (299), S. Pedro do Sul (299),Mogadouro (298), Penamacor (294), Trancoso (293), Peso da Régua (292), Sabrosa (287),V. N. Cerveira (281), Arraiolos (274), A. do Heroísmo (269), Mêda (262), Mértola (261), Alcobaça (256),Monchique (256), Tomar (256),Entroncamento (255), M. Frio (252), Vouzela (250), Pinhel (247), Elvas (244), Oliveira do Hospital (244), Alcácer do Sal (240) Arruda dos Vinhos (240)