Às 10h30, ouviu-se a Internacional no pavilhão Paz e Amizade, e estava oficialmente aberto o XXI Congresso Nacional do Partido Comunista. O orador inicial, Jerónimo de Sousa, abriu as hostilidades.
“O nosso congresso demonstrará mais uma vez que a realização de atividades é compatível com a prevenção da saúde”, assim deu início o secretário-geral do partido a três dias de congresso, relembrando a polémica em que está envolto, uma vez que se realiza durante o Estado de Emergência, e num fim de semana em que há um recolher obrigatório a partir das 13h.
No seu discurso inicial, Jerónimo de Sousa falou da situação nacional que se vive, sublinhando os efeitos da pandemia, como o lento crescimento económico, as debilidades no aparelho produtivo e a fraca economia.
O secretário-geral desvalorizou o crescimento económico entre 2016 e 2019, dizendo que “não alterou de forma significativa a situação que há muito se apresentava desastrosa”, pondo o ónus da culpa no facto de se terem mantido normas da União Europeia e o fraco investimento nas infraestruturas do país.
Jerónimo de Sousa aproveitou também para deixar uma reflexão mais ideológica, criticando o crescente “imperialismo” no panorama mundial, deixando ainda o pensamento que “a realidade demonstra a necessidade de um forte e vigoroso movimento comunista e revolucionário internacional, que seja expressão da existência de fortes partidos comunistas e revolucionários, o que exige determinação e persistência para ultrapassar debilidades e dificuldades existentes."
O congresso tem sobre a mesa dois grandes temas: um reflexo sobre a “geringonça”, e sobre os próximos cinco anos do partido, e a eleição de um novo secretário-geral.
O partido tem-se distanciado do PS nos últimos tempos, pelo que esta discussão da aliança à esquerda abrirá caminhos a novos debates sobre o futuro da política portuguesa. Já o lugar de secretário-geral está em aberto.
Jerónimo de Sousa relembrou que este é um congresso que “não se dá ao privilégio e ao egoísmo para se resguardar, enquanto centenas de milhares de trabalhadores estarão nos seus locais de trabalho todos os dias, resistindo à intensificação da exploração a pretexto da epidemia e têm que utilizar transportes”.