Parlamento. Telmo Correia assume divergências com direção do CDS

Parlamento. Telmo Correia assume divergências com direção do CDS


Líder parlamentar dos centristas discordou da posição assumida pelo partido na renovação do estado de emergência.


A tensão entre a direção do CDS e o grupo parlamentar é cada vez maior. Depois das divergências entre Francisco Rodrigues dos Santos e Telmo Correia por causa da candidatura de Luís Filipe Vieira, o líder parlamentar assumiu que discorda da posição assumida pelo CDS em relação à renovação do estado de emergência. A direção do CDS não gostou e avisou o líder parlamentar que o CDS não serve para “passar cheques em branco” ao Governo.

Telmo Correia apresentou uma declaração de voto e assume que “teria preferido o voto favorável”, mantendo “a estabilidade da posição” do partido.

Foi a primeira vez que o CDS não votou favoravelmente. A renovação do estado de emergência foi aprovada, há uma semana, com os votos a favor do PS, PSD e da deputada não-inscrita Cristina Rodrigues. Os centristas abstiveram-se ao lado do Bloco de Esquerda e do PAN. O PCP, o Chega, a Iniciativa Liberal e Joacine Katar-Moreira votaram contra.

Telmo Correia explica que “o estado de emergência, neste contexto de agravamento pandémico, é de uma necessidade absoluta. Não existe outra forma de quebrar cadeias de contágio e travar a evolução da pandemia e esse é o aspeto prioritário”. Por último, o líder parlamentar do CDS alerta que teria sido uma “irresponsabilidade” não apoiar a renovação do estado de emergência se o voto do partido fosse decisivo.

A resposta da direção surgiu poucas horas depois de se tornar pública a posição assumida pelo líder do grupo parlamentar. Filipe Lobo d’Ávila, vice-presidente do partido, defendeu que “irresponsabilidade seria votar a renovação de um estado de emergência sem conhecer as medidas que o Governo pretendia implementar e sobretudo fazê-lo na sequência de um estado de emergência em que a incompetência do Governo já era evidente para todos os portugueses”.

Nas redes sociais, o dirigente e antigo deputado centrista sugere que o partido seria inútil se assumisse outra posição. “No dia em que o CDS servir para passar cheques em branco a quem já demonstrou ser incompetente para gerir a mais grave crise de saúde pública que se viu em Portugal então serei eu a estar a mais”, afirma, na sua página do Facebook, o vice-presidente do CDS.

A direção dos centristas criticou duramente a estratégia do Governo para combater a pandemia na última reunião com o Presidente da República para avaliar a renovação do estado de emergência. Lobo d’Ávila defendeu, nessa altura, que o Executivo revelou “desnorte” e “falta de estratégia” ao aplicar medidas que “só trouxeram mais confusão e mais perturbação num momento que sabemos que é difícil e no qual todos temos de estar unidos”.

Esta não foi a primeira vez que o líder do CDS e Telmo Correia assumiram divergências na praça pública. Francisco Rodrigues dos Santos defendeu, em setembro, que “os deveres éticos e morais” devem impedir que qualquer político com um papel relevante apareça ligado ao presidente de um clube de futebol.

A crítica dirigida a António Costa atingiu também Telmo Correia, que integrava a comissão de honra da candidatura de Luís Filipe Vieira.

Telmo Correia não respondeu diretamente para “não prejudicar a imagem do CDS”, mas classificou como “hipócritas” e “populistas” as críticas dirigidas ao primeiro-ministro por aceitar integrar a comissão de honra do presidente do Benfica.