CDS questiona Governo sobre pagamento de 11 milhões por edição online de Web Summit

CDS questiona Governo sobre pagamento de 11 milhões por edição online de Web Summit


Deputado cita contrato para pôr em causa a obrigatoriedade do investimento da autarquia e do Executivo.


O CDS-PP questionou, esta quarta-feira, o primeiro-ministro sobre a edição da Web Summit. Os centristas querem saber se Portugal vai "financiar o evento virtual mais caro de sempre", mantendo o investimento anual de 11 milhões de euros relativo à organização da Web Summit, que este ano decorre através da internet, como noticiou o SOL no sábado passado.

"Confirma o Governo que relativamente à edição da Web Summit de 2020, que decorrerá exclusivamente 'online' entre 2 e 4 de dezembro, mantém-se a obrigação de pagamento de 11 milhões de euros pelas "partes portuguesas" e "entidades públicas"?", questiona João Gonçalves Pereira. "Não estará o país e a cidade de Lisboa a financiar o evento virtual mais caro de sempre?", insiste.

O deputado quer também saber "qual das partes propôs" que a edição deste ano decorresse "exclusivamente online" e se "existe algum estudo económico que demonstre que a edição da Web Summit de 2020, no formato em que decorrerá, trará retorno para a economia do país e da cidade de Lisboa".

As questões de João Gonçalves Pereira surgem na sequência da notícia do SOL, de sábado passado, na qual a vereadora do PSD Sofia Vala Rocha garantia que o pagamento dos 11 milhões ia ser feito na mesma, ainda que a evento deste ano fosse realizado à distância.

Recorde-se que em 2018, o Governo, a Câmara Municipal de Lisboa e a Connected Intelligence Limited assinaram um contrato relativo à organização do evento internacional Web Summit em Portugal no período entre 2019 e 2028, tendo Lisboa garantido ‘acolher’ o evento mediante o pagamento anual de 11 milhões, dos quais três milhões são assegurados pela autarquia e os restante oito pelo Executivo.

Um acordo que o deputado do CDS cita agora, lembrando que está previsto nos seus termos que no caso de "um evento de força maior", no qual se incluem "epidemias e pandemia", a "parte afetada não será considerada como tendo violado" o contrato, "nem será responsabilizada por qualquer incumprimento ou atraso no cumprimento das suas obrigações".

João Gonçalves Pereira sublinhou ainda que está previsto um reembolso a Portugal por parte da Connected Intelligence Limited, caso esta "não cumpra todas as suas obrigações previstas" no acordo "para esse ano".

Assim, o deputado centrista quer saber "por que motivo" não é acionado "o mecanismo que prevê que o acordo não se considera violado se, por motivo de pandemia, as obrigações nele previstas não forem cumpridas por uma das partes", e se "houve negociações entre as partes nesse sentido". Gonçalves Pereira sublinha ainda a necessidade de se saber se Portugal irá acionar a cláusula sobre "o reembolso parcial ou total dos valores pagos pelas partes portuguesas caso a organização da Web Summit não cumpra todas as obrigações previstas no acordo”, visto que uma dessas obrigações é a realização física do evento em Lisboa, o que não acontecerá este ano.