As duas manifestações que ocorreram no sábado na capital ainda vão dar muito que falar. No lado dos organizadores “A Pão e Água”, movimento originalmente criado por empresários da noite, que se alargou à restauração e a outros setores ligados à indústria da noite, a intenção é não deixar morrer os protestos.
No grupo do WhatsApp fazem-se as contas e dão-se novidades. Há quem fale num suicídio de um empresário que não resistiu às dívidas e preparam-se novas formas de luta. A manifestação acabou com ameaças de agressões e insultos a jornalistas. Tudo porque os organizadores não gostaram que uma notícia da Rádio Observador que falava em 200 manifestantes. “Isto parecem 200 pessoas? Isto parecem 200 pessoas aqui? Isto parece 200 pessoas?”, questionou insistentemente o orador. Depois da intervenção, mais de uma dezena de manifestantes cercaram a equipa da Rádio Observador, obrigando a PSP a intervir para garantir a segurança dos jornalistas.
O Presidente da República condenou a violência ocorrida durante a manifestação e à saída de uma missa em Fátima, pelas vítimas da covid-19, Marcelo Rebelo de Sousa foi perentório: “Que haja a manifestação, sim, a preocupação de encontrar soluções para os problemas, sim, que entremos numa espiral de violência que só agrava o confronto entre portugueses, isso acho que devemos evitar”. “O direito à manifestação é democrático, a indignação das pessoas é natural”, concluiu Marcelo.
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) emitiu no próprio dia um comunicado onde condenava as atitudes observadas e referia que se “não fossem os jornalistas e os protestos não teriam eco na população”. O SJ incentivou ainda a “direção do Observador a agir em conformidade, ou seja, a apresentar queixa às autoridades competentes na defesa do jornalista”.
A esta manifestação juntou-se um grupo de cerca de 300 negacionistas, que percorreu a avenida da Liberdade em protesto contra o uso de máscaras, que acabou por se insurgir contra a TVI. Segundo os negacionistas, a estação de Queluz fez uma peça “enviesada” contra os promotores do grupo, onde se incluem médicos e jornalistas, entre outros.
Siza Vieira revela apoios Cerca de uma hora antes do início da manifestação, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, revelou os apoios já dados e que o Governo pretende ainda dar ao setor da restauração.
Para compensar a quebra da faturação no valor de 1860 milhões de euros, nos primeiros nove meses do ano, Siza Vieira afirma que o Estado está a investir 1103 milhões de euros no setor da restauração. Em resposta à manifestação, o ministro da Economia enumerou os programas de apoio que têm vindo e vão continuar a ser implementados pelo Governo.