A roupa suja que os candidatos vestem

A roupa suja que os candidatos vestem


Nunca uma campanha eleitoral se fez tanto de polémicas e histórias bizarras. Desde lamentáveis acusações de abusos sexuais a ligações a negócios questionáveis, recordamos alguns dos casos que têm perseguido os atuais candidatos à Casa Branca.


“Não há nada de inteligente em ti, Joe”

Donald Trump

O candidato republicano e atual presidente dos Estados Unidos, â semelhança de 2016, voltou
a optar por uma estratégia agressiva, os insultos e alcunhas a Joe biden, a quem por diversas vezes chamou Sleepy Joe, foram frequentes.

Separar crianças dos pais

Uma das principais bandeiras durante a primeira campanha presidencial de Trump foi a sua política anti-imigração. Apesar de não ter conseguido levar avante a ideia de construir um muro entre os EUA e o México, a administração “vingou-se” através do programa de tolerância zero segundo o qual imigrantes ilegais, ao serem detidos pela patrulha fronteiriça ou por agentes de imigração, eram enviados para instalações penitenciárias, enquanto os seus filhos menores eram transferidos para centros de detenção ou acolhidos por famílias norte-americanas. Em 2018 pelo menos 518 crianças foram separadas dos seus pais e ainda estão à espera do reencontro. As crianças eram mantidas em gaiolas metálicas, algumas das quais chegavam a ter mais de 20 pessoas.

A doença que simplesmente se ia embora

A gestão da pandemia nos EUA foi calamitosa. Este é o país, segundo dados oficiais, com mais casos de infeção (mais de nove milhões) e com mais mortes (quase 230 mil) relacionadas com a covid-19. Em parte, a culpa deste desenvolvimento tem que ser atribuída ao Presidente Trump, que durante longos afirmou que o coronavírus ia “simplesmente desaparecer”, recusando-se a conceber uma estratégia integrada de combate à doença. Numa reviravolta que quase podia ter sido atribuída ao karma, Trump acabou por contrair o vírus, assim como a primeira-dama, Melania. Este domingo, durante um comício na Florida, Trump sugeriu que, caso vença as eleições, pode vir a despedir o principal conselheiro epidemiologista da sua administração, Anthony Fauci.

As 26 mulheres que acusam Trump de abusos sexuais

Nos últimos anos o Presidente foi acusado de violação, abuso sexual ou assédio por pelo menos 26 mulheres. A ex-colunista da revista Elle E. Jean Carroll relatou à New York Magazine que Trump abusou dela sexualmente dentro de um provador de roupa, na loja de luxo Bergdorf Goodman, em Manhattan, Nova Iorque, há 23 anos, e afirmou ter no vestido que usava nesse dia provas do ataque. O Business Insider cita o processo de divórcio de Ivana Trump, a primeira mulher do atual Presidente e mãe de Donald Jr., Eric e Ivanka Trump, que referia uma violação do seu ex-marido como um “castigo”. Trump reagiu a estas acusações afirmando que “é impossível um homem violar a sua esposa”.

 

“Vai-se calar, homem? Isto não é nada presidencial”
Joe Biden

Candidato democrata demonstrando a sua frustração por estar a ser constantemente interrompido pelo atual presidente dos EUA no primeiro debate presidencial.

Eleições de 1988

Esta não é a primeira vez que o candidato democrata tenta sentar-se no cadeirão da Sala Oval. Em 1988, Biden candidatou-se às eleições e era considerado um dos favoritos para chegar à presidência. No entanto, foi acusado por jornais de plagiar um discurso do britânico Neil Kinnock, ex-líder do Partido Trabalhista. Esta controvérsia obrigou Biden a retirar-se da campanha, numas eleições que seriam ganhas por George H. W. Bush (pai). Este não seria o fim das ambições de Biden. Em 2008, voltou a concorrer e acabou por tornar-se o vice-presidente de Barack Obama. Este ano, o democrata procura derrotar Donald Trump e terminar a missão que deixou incompleta em 1988.

Ligações à Ucrânia

Em dezembro de 2015, o jornalista do New York Times James Risen reportou que Joe Biden, enquanto era vice-presidente de Obama, tinha viajado para a Ucrânia com o objetivo de difundir uma mensagem anticorrupção. Na altura, o jornalista escreveu que esta mensagem podia ser mal recebida devido à ligação do seu filho, Hunter Biden, à Burisma Holdings, uma das maiores empresas de gás natural da Ucrânia, cujo proprietário, Mykola Zlochevsky, era um antigo ministro da Ecologia durante a presidência de Viktor Yanukovych, um líder pró-russo que fora forçado ao exílio na Rússia. Recentemente, a história foi recuperada pela equipa de Donald Trump para atingir o candidato democrata, acrescentando detalhes exagerados.

Hunter, a ovelha negra

Por falar no filho de Biden, Hunter foi constantemente um alvo de ataques por parte de Trump e dos seus seguidores. Hunter é frequentemente comparado ao seu irmão mais velho, Beau, um veterano da guerra no Iraque que morreu de cancro no cérebro em 2015, interrompendo uma carreira promissora. Já Hunter foi dispensando do exército porque testou positivo para o uso de cocaína. O uso de estupefacientes foi inclusive um tópico de discussão entre os dois candidatos no primeiro debate presidencial. No caso da Ucrânia, o filho do candidato democrata é acusado de utilizar o seu apelido e influência para concretizar negócios com este país e com a China, que envolvia ainda James Biden, tio de Hunter. O negócio da China nunca se concretizou – Hunter disse que o seu envolvimento resultou de “fraco julgamento da sua parte” – mas o Hunter lucrou cerca de 850 mil dólares (730 mil euros)_com a ligação à Burisma, embora não tivesse experiência no setor do gás. Trump não se cansou de referir estes casos para acusar os Biden de corrupção.

Sabemos o que fizeste no verão de 1993

O candidato democrata foi acusado de abuso sexual pela sua antiga secretária, Tara Reade. O caso terá acontecido em 1993, a mulher afirma que o Biden a empurrou contra uma parede em Capitol Hill, colocando a mão por debaixo da sua saia e penetrando-a. O candidato nega as acusações, que surgiram durante o movimento #MeToo. Outras oito mulheres acusaram Biden de ter comportamentos que as deixaram desconfortáveis. Entre as queixosas podemos encontrar Ally Coll, uma antiga funcionária do Partido Democrata, ou Caitlyn Caruso, que recordou que, em abril de 2019, Joe Biden a abraçou “durante demasiado tempo” e colocou a mão na sua coxa.