Ryanair fecha primeiro semestre fiscal com prejuízos de 197 milhões

Ryanair fecha primeiro semestre fiscal com prejuízos de 197 milhões


Na apresentação dos resultados referentes ao período entre abril e setembro, a companhia irlandesa low cost  aproveitou para criticar a “inundação” de “auxílios estatais” que as respetivas autoridades deram às suas antigas companhias aéreas nacionais “falhadas”.


A Ryanair registou uma perda líquida de 197 milhões de euros no primeiro semestre fiscal (período entre abril e setembro), contra um lucro líquido de 1,15 mil milhões de euros no mesmo período de 2019, foi anunciado esta segunda-feira.

Num comunicado enviado à Bolsa de Londres, a companhia aérea irlandesa low cost sublinha que manteve 99% das suas aeronaves em terra durante quatro meses devido à pandemia da covid-19. A Ryanair também afirma que a crise sanitária provocou uma queda de 78% nas receitas em relação ao ano fiscal anterior, tendo atingindo um volume de negócios de 1180 milhões de euros. O tráfego aéreo da Ryanair diminuiu 80%, refere a transportadora, adiantando que transportou 17 milhões de passageiros entre abril e setembro.

A Ryanair indicou que está a prever um segundo semestre com "perdas recorde", embora tenha advertido que não pode fazer uma previsão de resultados para o final do período fiscal devido às "incertezas" geradas pela covid-19.

Como resultado, a empresa afirma estar a preparar-se para uma fase "enormemente difícil", na qual, além da pandemia, terá de lidar com a volatilidade do Brexit, o custo do combustível, a concorrência das companhias aéreas "novas e existentes", as restrições de mobilidade impostas pelos governos e a relutância dos clientes em viajar nas atuais circunstâncias.

A principal companhia aérea europeia de baixo custo adiantou que o tráfego de passageiros poderia atingir no conjunto do ano fiscal (abril 2020 a março 2021) 38 milhões, contra 149 milhões no anterior período anterior, embora esse número possa diminuir se os "governos da UE" continuarem a "gerir mal a política aérea" e a "impor, sem coordenação, mais restrições ou confinamentos" no inverno.

A Ryanair também criticou a "inundação" de "auxílios estatais" que as respetivas autoridades deram às suas antigas companhias aéreas nacionais "falhadas", "como a Air France e a Lufthansa", uma situação que "distorce a concorrência" e lhes permite vender bilhetes a preços "inferiores aos do mercado".

O CEO do Grupo Ryanair, Michael O'Leary, declarou num comunicado em vídeo que espera que as perdas no segundo semestre do ano sejam superiores às do primeiro semestre e, embora não quisesse avançar um número, os especialistas acreditam que poderiam atingir 244 milhões de euros.

O executivo recordou que a companhia aérea teve um lucro líquido de 1,15 mil milhões de euros entre abril e setembro de 2019 e que, nos últimos 30 anos de história, a Ryanair apenas registou prejuízos em 2009, embora nesse ano tenha tido um pequeno lucro durante a época de verão. Apesar da crise, a Ryanair congratulou-se com a "força do seu balanço", uma vez que, no final de setembro, tinha economias de 4,5 mil milhões de euros e o valor da sua frota de aeronaves era de cerca de sete mil milhões de euros.