Na verdade, o que nos faz seguir com tanta atenção, de quatro em quatro anos, as eleições presidenciais nos Estados Unidos da América, ao ponto de nos envolvermos emocionalmente como se se tratasse de eleições em Portugal?
O que nos faz seguir os debates entre os candidatos, discutir o seu desempenho, apoiar um ou outro?
A realidade é que os Estados Unidos da América, de uma maneira ou de outra, fazem parte das nossas vidas. Seja pelo cinema, pela música, pela literatura, pelas jeans ou por qualquer outra razão, quase todos nós temos algo que nos liga àquele imenso país.
Do ponto de vista histórico, reconhecemos o seu domínio mundial desde o final da i Guerra Mundial, consolidado no final da segunda, agora dividido com a União Soviética.
Consoante a nossa opção ideológica, amámos ou odiámos o American way of life mas, certamente, nunca o perdemos de vista.
É por isso que, mais uma vez, vamos seguir os resultados das eleições estado a estado, naquele complexo processo eleitoral que deposita em 538 “grandes eleitores” a vontade de mais de 230 milhões de “pequenos eleitores”, o povo, que pode mesmo não ver a sua vontade maioritária respeitada, uma vez que a totalidade de votos pode não corresponder ao número de grandes eleitores escolhido nos diferentes estados. Isto é, como já aconteceu cinco vezes, um candidato pode ter a maioria dos votos populares, mas não ser eleito, uma vez que o número de grandes eleitores escolhidos não lhe é favorável.
Como se sabe, o número de grandes eleitores que compõem o colégio eleitoral é proporcional à população de cada estado. Por isso, enquanto a Califórnia, com 39,5 milhões de habitantes, tem direito a 55 presenças no colégio, o Alasca, com cerca de 730 mil habitantes, tem apenas três. E o que acontece é que, na esmagadora maioria dos estados – 48 em 50 –, o candidato que tem mais votos elege todos os grandes eleitores.
Desta forma, o sistema criado pelos “pais fundadores”, que acreditavam seria a forma de criar um maior equilíbrio entre os estados, permaneceu no tempo.
É evidente que o que acontecer nos Estados Unidos da América terá sempre repercussão mundial; por isso, a escolha dos norte-americanos é também importante para todos nós.
Será também por isso que este é certamente um dos poucos países, depois do nosso, capaz de nos tirar o sono por causa de um ato eleitoral.
Vamos então saber se, acompanhando Bob Dylan, nos Estados Unidos the times they are a-changin’ ou se, pelo contrário, don’t think twice, it’s all right.
Jornalista