Covid-19. Restaurantes oferecem refeições a alunos infetados

Covid-19. Restaurantes oferecem refeições a alunos infetados


Organização que promove o veganismo juntou-se a quatro restaurantes para satisfazer as necessidades dos alunos da Universidade de Lisboa.


A união faz a força: desde quinta-feira, Cláudio da Silva tem sido a salvação dos alunos da Universidade de Lisboa que se encontravam em residências dos Serviços de Ação Social e foram transferidos para a Pousada da Juventude de Lisboa por estarem infetados com covid-19. Sem condições sanitárias e com restrições alimentares que dizem não ser respeitadas – alergias ao glúten ou à lactose, bem como a opção pela alimentação vegana –, cinco alunos ainda se encontram isolados na pousada já com teste negativo à covid-19 mas ainda sem alta médica.

No entanto, no que diz respeito às refeições, estão agora muito mais bem servidos. Dadas as dificuldades  em conseguirem comer naquela pousada, a organização O Mundo Verde, que promove o veganismo em Portugal, decidiu juntar-se a quatro restaurantes para oferecer comida aos estudantes universitários. E é Cláudio da Silva, de 44 anos e um dos elementos da organização, quem, diariamente, à hora do almoço, se desloca à pousada com sacos de comida vegana, tendo sempre em conta as “devidas precauções” de segurança.

“Achámos que devíamos ajudar, dadas as circunstâncias. Tivemos a oferta destes locais para cooperar. Contactaram-nos para os ajudarmos a chegar até aos alunos. Conhecemos muitas pessoas veganas e poderia ser mais fácil para nós chegar até eles”, começou por dizer ao i, sublinhando que todos os restaurantes foram “impecáveis” na altura de ajudar. “A nossa organização também fez comida para lhes levar, embora não sejamos um restaurante. Mas esta é a prova de que os veganos não olham só para os animais. Existe a ideia errada de que somos uns extremistas que só pensamos nos animais. Não, também pensamos nas pessoas”, atirou.

Condições sem melhorias

Nas redes sociais, nomeadamente no Instagram, alguns alunos agradeceram o gesto. “Obrigada! Estamos sem palavras”, escreveu uma das estudantes isoladas na sua conta.

Uma semana depois de o i ter noticiado a falta de condições sanitárias dos alunos infetados com covid-19 na Pousada da Juventude de Lisboa, não existem melhorias. Segundo o i conseguiu apurar, os quartos continuam a ser partilhados entre alunos e, dentro desses quartos, existe apenas uma mesa e fraca internet para os estudantes poderem assistir, por exemplo, às aulas via Zoom. Segundo revelou uma das alunas isoladas, a única coisa que não é partilhada é a cama. “Os rapazes são os que têm piores condições, segundo soube até partilhavam a casa de banho com um sem-abrigo alojado que não tinha cuidados nenhuns de higiene”, disse.

O i tentou contactar o administrador dos Serviços de Ação Social da Universidade de Lisboa, para obter esclarecimentos adicionais, mas não obteve qualquer resposta.

Sistema de pontos

A Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa criou uma nova ferramenta para que os estudantes, professores e funcionários sigam as medidas de contenção determinadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Para tal, foi instaurado um sistema de pontos, semelhante ao que é usado nas cartas de condução, que pode levar a processo disciplinar caso as regras não sejam cumpridas.

As cinco medidas que têm de ser respeitadas são: usar sempre uma máscara limpa e seca no campus universitário, seja no interior ou no exterior; limpar as superfícies antes e depois do seu uso; manter uma distância de segurança e limitar os ajuntamentos a cinco pessoas; ter sempre o cartão de identificação visível; e notificar caso existam suspeitas de infeção.