Manifestantes pelo aborto perturbam missas na Polónia

Manifestantes pelo aborto perturbam missas na Polónia


O Governo acabara de aprovar a proibição do aborto em caso de malformações do feto. As cenas vividas este domingo seriam impensáveis há umas décadas, num país profundamente católico. 


Depois do Tribunal Constitucional da Polónia, que já tinha uma das mais estritas proibições do aborto da Europa, proibir o aborto mesmo em casos de malformação do feto, milhares de manifestantes interromperam serviços religiosos católicos por todo o país, este domingo. Alguns levavam imagens de mulheres grávidas crucificadas, outros fizeram grafittis em igrejas ou entoaram cânticos como: "Lei humana, não lei eclesiástica", segundo a Reuters. 

"A nossa raiva deve ser direcionada contra políticos, mas também contra figuras seniores da Igreja, dado que elas incentivaram a este inferno para as mulheres que as autoridades estão a preparar", explicou Mateusz Sulwinski, organizador dos protestos em Poznan.

Há algumas décadas, tais protestos massivos contra a Igreja seriam impensáveis na Polónia, um país profundamente católico, em que a Igreja é referenciada pelo seu papel na oposição União Soviética, sobretudo do Papa João Paulo II, ele próprio polaco. Contudo, o controlo da Polónia pelo partido Lei e Justiça, nacionalista e ultraconservador, parece ter transformado essa visão. No domingo multiplicaram-se cenas semelhantes às vistas em Szczecinek, no norte, onde jovens mulheres foram filmadas a cercar um padre, entre gritos de "volta para a igreja" e "vai-te fod**", segundo a AP.