Surpreendendo tudo e todos, o último debate presidencial norte-americano foi relativamente calmo, sem tanto caos e insultos constantes entre Donald Trump e Joe Biden. Se a estratégia democrata para o debate era «deixar Trump ser Trump», prejudicando ainda mais a campanha republicana, como avançou o the Hill, o Presidente não mordeu o isco. Mas também não teve a vitória de que precisava para dar a volta à campanha, a menos de duas semanas das eleições, atrás nas sondagens em cada vez mais swing states, ultrapassado pelos democratas em financiamento, condenado a discutir assuntos que lhe dão pouca popularidade – como a gestão da pandemia, que quase 2 em cada 3 americanos desaprovam, segundo a FiveThirtyEight.
Isso quer dizer que é praticamente impossível Trump sair vencedor? Não necessariamente. No complexo sistema eleitoral dos EUA, em que quem ganha um estado fica com os votos todos, bastam ligeiras flutuações no sítio certo para virar a balança. O estreito caminho para a reeleição de Trump implica vencer a Florida e a Pensilvânia, defender estados que controlou facilmente em 2016 – Arizona, Georgia, Iowa, Carolina do Norte e o Texas, um bastião republicano – e ficar com o Michigan ou o Wiscosin. Os cálculos do Economist preveem 8% de probabilidade disso acontecer, até o Texas é disputado por Biden, mas não seria a primeira vez que Trump excedia expectativas.