O Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Tâmega III viu-se obrigado a emitir um alerta à população que reside na sua área de abrangência devido aos quase 1000 casos de covid-19 reportados ao longo da última semana.
As freguesias de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira registaram, respetivamente, 155, 229 e 560 casos de infeção pelo novo coronavírus só na última semana. Ao assistir a um aumento exponencial do número de infetados, a autoridade de saúde coordenadora daquela zona emitiu no passado sábado um comunicado onde se podia ler que as infeções por covid-19 estão a aumentar “em todo o país e, em especial, nesta região”.
De acordo com os dados divulgados pela autoridade local de saúde, já foram registadas 634 infeções em Felgueiras, 660 em Lousada e 738 em Paços de Ferreira.
O ACeS alerta a população para a “preocupante transmissão comunitária ativa” e pede aos residentes das freguesias abrangidas que evitem a realização de eventos de caráter social e cultural, inclusivamente almoços de família e cerimónias religiosas. Relativamente aos locais de trabalho, a autoridade de saúde de local aconselha o “uso obrigatório de máscara por todos e o distanciamento, bem como, sempre que possível, dar primazia ao teletrabalho e ao desfasamento de horários”. Nos cafés e restaurantes é pedido que a máscara só seja tirada na altura da refeição e que não se ultrapasse a lotação máxima de cinco pessoas por mesa. A ACeS pede ainda à população que, se tiver sintomas, fique em casa e entre em contacto com os centros de saúde de Felgueiras, Paços de Ferreira ou Lousada.
Além de este aumento ser preocupante para toda a população, os comerciantes vêem-se especialmente ansiosos relativamente ao futuro dos seus espaços. Filipe Nunes trabalha no Café Natura, na Lousada, e conta ao i que nas últimas duas semanas sentiu um “decréscimo bastante acentuado em relação ao número de clientes e mesmo à quantidade de pessoas que andam na rua”.
Fred Soares, proprietário do Chill Lounge Bar, em Felgueiras, lamenta que só agora “as pessoas estejam a ganhar noção da realidade”, assumindo que anteriormente eram variadas as vezes em que não se cumpriam as medidas de segurança: “Às vezes tentavam entrar aqui no estabelecimento sem máscara, mas agora já não”.
Em Paços de Ferreira, a situação é semelhante. Miguel Ribeiro diz que no Restaurante Casa da Eira se cumprem “todas as regras possíveis e imaginárias”, mas que nem isso é suficiente para atrair a clientela durante este período complicado.
Quando questionados relativamente ao uso de máscara na via pública, todos os proprietários disseram que não era uma prática comum, especialmente porque “as pessoas ainda não estão muito familiarizadas com o seu uso na rua”, admite Filipe Nunes.
Fred Soares sente que as autoridades de saúde locais não estão a conseguir dar a resposta adequada ao problema e conta ao i que lhe adiaram uma consulta no centro de saúde prometendo ligar por videochamada “e nunca fizeram isso”. Posto isto, dirigiu-se à unidade de saúde para efetuar uma remarcação e vai ter de esperar até dezembro para ser consultado.
O proprietário do Chill Lounge Bar confessa não estar à espera de melhorias num futuro próximo e acredita que “só lá para dezembro” é que vai ser possível assistir a um decréscimo dos casos. Mas Fred Soares propõe algumas medidas para que a situação se resolva de maneira mais célere: “Eu acho que devia haver um encerramento dos transportes, proibição de ajuntamento fora dos locais comerciais e que se cancelassem casamentos, batizados e comunhões”.