A revolta instalou-se entre os polícias na sequência do atropelamento de um agente da Esquadra-Moto da Divisão de Trânsito da Polícia de Segurança Pública (PSP), Jonas Guedes, por um motard que circulava pela berma do Eixo Norte-Sul, em Lisboa, ao final da tarde de segunda-feira. O suspeito, de 28 anos, com cadastro pelo crime de tráfico de droga, foi mandado parar pela força de segurança, mas este não obedeceu à ordem – inverteu a marcha e avançou sobre o agente da PSP que o seguia, deixando-o em estado grave.
Colocado em liberdade e com apresentações semanais, o suspeito, que levava consigo uma arma de fogo de 9 mm, foi ouvido em primeiro interrogatório. Mas esta decisão judicial originou "muitas queixas" entre polícias, alguns dos quais "com medo de sair para a rua" e a exigir a prisão preventiva pelo ato cometido, lamentando também o facto de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não ter dirigido quaisquer palavras de apreço ao agente atropelado – ao contrário do que havia acontecido quando Cristiano Ronaldo acusou positivo à covid-19.
O SOL sabe que a Organização Sindical dos Polícias (OSP) da PSP está a ponderar a realização de uma vigília junto ao Hospital de Sant’Ana, na Parede, concelho de Cascais, onde Jonas Guedes se encontra, depois de ter sido submetido com sucesso, durante a manhã da passada quinta-feira, a uma intervenção cirúrgica à perna esquerda, onde sofreu três fraturas, uma das quais exposta. Segundo o SOL conseguiu apurar, a operação correu bem, apesar de o agente da PSP apresentar também múltiplas escoriações na cara. A alta hospitalar, porém, deverá acontecer já no início desta semana.
"Ainda bem que tinha o casaco de cabedal de motociclista vestido, caso contrário seria bem pior. Tem recebido apoio dos seus colegas da Divisão de Trânsito desde a primeira hora, desde chefes até ao seu comandante que lhe liga todos os dias, bem como os seus colegas. E todo o pessoal do hospital está a ser excelente", adiantou ao SOL o vice-presidente da OSP/PSP, Jorge Rufino.
A PSP, recorde-se, tem 62 profissionais infetados com o novo coronavírus, mais 16 do que os registados na quinta-feira.