5% do consumo de energia em 2030 vai ser oriunda do hidrogénio verde, acredita secretário de Estado

5% do consumo de energia em 2030 vai ser oriunda do hidrogénio verde, acredita secretário de Estado


Projeto de hidrogénio verde debatido no MOBI Summit. Governo muito otimista, mas há quem critique a aposta de sete mil milhões nesta tecnologia.


O secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, debateu, esta quinta-feira, a aposta de Portugal no hidrogénio verde, no MOBI Summit, em Cascais.

Sublinhe-se que a cimeira energética decorreu no mesmo dia em que o Parlamento Europeu decidiu aumentar a proposta de redução de emissões de CO2 da Comissão Europeia, de 55 % para 60%.

O debate, onde João Galamba manifestou a sua confiança nesta nova fonte de energia, teve a participação do membro da direção da EDP João Marques da Cruz, Bart Biebuyck, da FCH JU (Fuell Cells and Hydrogen Joint Undertaking) e Jorgo Chatzimarkakis, secretário-geral do Hidrogénio na UE.

Para o secretário de Estado da Energia, o hidrogénio verde será uma solução importante em relação aos objetivos europeus de cumprimento da meta das reduções de CO2. O governante sublinhou ainda que o hidrogénio verde será uma componente muito utilizada em várias dessas indústrias.

"Portugal tem um enorme potencial para produzir hidrogénio verde e para alavancar uma indústria com forte capacidade exportadora", defendeu João Galamba.

O governante vai mais longe e prevê que em 2030, daqui a dez anos, "5% do consumo total da energia nacional seja já oriunda do hidrogénio verde, o mesmo se passando no setor dos transportes pesados, de passageiros e de mercadorias".

No mesmo sentido, João Marques da Cruz, da EDP, destacou o recurso ao hidrogénio verde, como fonte de energia, como um projeto-piloto de pouco risco, que a empresa pretende pôr em funcionamento já no próximo ano.

Por outro lado, o hidrogénio verde parece não ser uma aposta tão consensual. Uma das vozes mais críticas é do professor do Instituto Superior Técnico Clemente Pedro Nunes, colunista do jornal i, que se manifesta contra a estratégia do Governo de canalizar sete mil milhões de euros até 20230.

Para Clemente Nunes o hidrogénio verde é “uma tecnologia imatura” e “a receita é exatamente a mesma que o Governo Sócrates utilizou em 2005” que faz os consumidores portugueses pagarem “um sobrecusto de 2.000 milhões de euros por ano”.

O jornalista e comentador de economia José Gomes Ferreira é outra das vozes críticas da aposta do Executivo, levantando várias questões acerca desta mudança de paradigma na produção de energia para o que chama “o hidrogénio alegadamente verde”.

Mas Gomes Ferreira vai mesmo mais longe e acusa o Executivo de estar a fazer parte de “uma loucura financeira e económica” pela qual os consumidores vão pagar “um preço altíssimo”.