Sindicato surpreendido e insatisfeito com dança de cadeiras na TAP

Sindicato surpreendido e insatisfeito com dança de cadeiras na TAP


Sitava teme que saída “temporária” de Humberto Pedrosa (e do seu filho) fragilize comissão executiva da companhia aérea.


O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) reagiu com surpresa e insatisfação ao anúncio da saída “temporária” de Humberto Pedrosa e do seu filho David Pedrosa da administração da TAP. “Quando o sofrimento dos trabalhadores se acentua com o prolongamento dos cortes salariais, e se assiste à diminuição da atividade do transporte aéreo, é essencial que, da parte da gestão, seja transmitida aos trabalhadores uma mensagem de estabilidade e confiança, e não esta que denota precisamente o contrário, desnorte e insegurança. Quando mais necessário era, termos uma comissão executiva alinhada com o projeto de uma TAP robusta ao serviço da economia nacional, surge mais esta alteração e a entrada de novos membros obrigará inevitavelmente a mais um período de adaptação”, diz o sindicato  em comunicado.

O Sitava afirma que esta mudança vem apenas contribuir para “um clima de ansiedade e angústia” que se vive no seio da empresa e que “gera e alimenta uma onda de boatos, que apenas dificulta o discernimento coletivo, indispensável para enfrentar a difícil situação que atravessamos”.

Recorde-se que o empresário Humberto Pedrosa decidiu abdicar, de forma “temporária”, do cargo de presidente do conselho de administração da TAP –enquanto o seu filho, David Pedrosa, saiu do cargo de vogal (e de administrador executivo)  –, na véspera de o Estado ter formalizado o acordo, anunciado a 2 de julho, para a aquisição da participação social da empresa que ainda pertencia ao acionista privado David Neeleman.
 
O Estado passou a deter formalmente 72,5% da companhia aérea, enquanto Pedrosa, parceiro de Neeleman na ‘aventura’ Atlantic Gateway, ficou com uma participação direta de 22,5% da empresa. E foi precisamente esta alteração societária que levou Humberto Pedrosa e o seu filho a abdicarem de todos os cargos que ocupavam na transportadora, pois o empresário “temeu” que o estatuto de gestor público pudesse, eventualmente, representar limitações que colidiam com as funções que os gestores desempenham no grupo Barraqueiro, que controlam. Apesar da renúncia, Humberto Pedrosa esclareceu que esta saída é apenas “temporária”, até que a situação seja esclarecida.

Humberto Pedrosa é substituído por José Manuel Silva Rodrigues (antigo presidente do conselho de administração da Carris e quadro do grupo Barraqueiro), enquanto David Pedrosa cede o seu lugar a Alexandra Margarida Vieira Reis (que já trabalhava consigo e sobe agora à comissão executiva da companhia aérea).