Santuário com lotação máxima de 6000 pessoas no 13 de outubro. “Pensámos que ia ser anulado”

Santuário com lotação máxima de 6000 pessoas no 13 de outubro. “Pensámos que ia ser anulado”


DGS e santuário chegaram a acordo para haver peregrinos no 13 de Outubro. Foi seguida a regra de uma pessoa por 8 m2, a mesma que vigorou no Avante!. Lojistas receberam bem a notícia, mas ainda há dúvidas.


O recinto do Santuário de Fátima vai poder ter peregrinos no 13 de Outubro, mas serão agora menos de um décimo dos 100 mil que se estima terão acorrido à Cova da Iria na peregrinação do mês passado. Depois do alarme criado pelo 13 de Setembro, em que o santuário teve de ser selado em plena cerimónia, de reuniões com a Direção-Geral da Saúde e com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde – e da pressão do Presidente da República para que se evitem ajuntamentos nesta fase da pandemia –, as novas medidas foram tornadas públicas ontem, ao final da tarde. Desta vez, e ao contrário do que aconteceu com a polémica em torno da Festa do Avante!, foi a organização a divulgar as medidas e o parecer técnico da DGS, o que tem acontecido com outros eventos (ver ao lado).

O santuário estima a presença de cerca de 6 mil pessoas no recinto, numa área útil de 48 mil m2, o que equivale a uma média de 8 m2 por pessoa, revelou. Segue-se a mesma métrica que já tinha sido usada pela DGS para definir a lotação máxima do Avante! e que poderá em breve fazer parte de orientações mais gerais para eventos de massas, que a DGS já anunciou serão revistas para criar um referencial-padrão para a organização de eventos consoante o seu tipo, mas também a evolução da epidemia. Até aqui, a DGS tem estado a responder a pedidos de parecer individualmente, isto numa altura em que a resolução do Conselho de Ministros que impôs a situação de contingência no país limita a dez pessoas os ajuntamentos, salvaguardando situações como cerimónias ou mesmo eventos corporativos, que dependem de orientações específicas da DGS.

Negócio parado em Fátima Ao final da tarde, os lojistas próximos do santuário já tinham ouvido as notícias e até admitiam alguma surpresa pelo desfecho. “Pensámos que ia ser anulado”, reagiu ao i, por telefone, o dono de um café junto ao recinto. Este proprietário, que preferiu não ser identificado, considera que no 13 de Setembro houve um afluxo excessivo que apanhou “desprevenidos” os próprios restaurantes. E aponta críticas ao santuário que, a certa altura, fechou casas de banho, o que levou as pessoas a procurarem os cafés, sem consumirem. Agora que se antevê um 13 de Outubro mais calmo, admite que restam algumas dúvidas, nomeadamente como serão controlados os acessos a Fátima. “Mesmo que lá dentro haja lugares marcados e as pessoas não possam entrar, se vier muita gente, vão poder andar na rua ou não vai poder vir ninguém?” A apreensão convive, no entanto, com a expetativa de que o dia permita alguma faturação num ano que tem sido para esquecer. “Não dá quase para pagar as contas da água e da luz”, resume. Noutro café, a proprietária confessa também que a notícia de que haverá peregrinos foi bem recebida e que também ali se admitiu que pudesse haver um cancelamento. Do 13 de Setembro ficou sobretudo a imagem de uma Fátima mais parecida com outros tempos. “Havia muita gente na rua, o que já não se vê. Está muito fraco, o negócio. Estávamos com receio que já não houvesse nada”.

O santuário assegura que será reforçada a sinalética. Haverá nova delimitação dos espaços para evitar aglomerações e, para garantir que as pessoas se espalham no recinto, “são criadas, com marcações no solo, áreas circulares de ocupação, devidamente distanciadas. Em cada círculo poderá estar apenas um número limitado de pessoas coabitantes. Os acessos serão feito por oito entradas e, fora do recinto de oração, o fluxo de peregrinos será gerido pelas forças de segurança, nomeadamente a GNR que, a montante, garantirá o controlo de aproximação às zonas limítrofes do santuário”, adiantou em comunicado, não sendo ainda conhecida a operação para controlo de acessos, que deverá apanhar ainda o fim de semana de 10 e 11, uma vez que as cerimónias começam na segunda-feira 12. O santuário termina o comunicado com uma prece: “Neste mês de outubro, em que celebramos a sexta e última aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria aos três pastorinhos, peçamos a Sua intercessão para que em breve os peregrinos, portugueses e estrangeiros, possam regressar a Fátima em segurança e sem constrangimentos para celebrarmos juntos a nossa fé”.

Fátima, futebol… As novidades sobre o 13 de Outubro foram conhecidas no mesmo dia em que a Direção-Geral da Saúde confirmou que os próximos dois jogos da seleção nacional vão ser um teste para o regresso do público aos estádios. Depois de no último sábado ter sido negado um pedido do Benfica para ter 20 convidados na tribuna presidencial, sabe-se agora que o encontro de adeptos nas bancadas vai passar por testes-piloto e, além dos próximos dois jogos, poderá haver ainda um terceiro ensaio, não se comprometendo a DGS com uma data para qualquer decisão. “Isto não quer dizer mais nada senão que estamos a fazer um teste. Estamos a testar o comportamento das pessoas — sem qualquer estigma aqui associado –, ver a entrada e a saída de um estádio. Vamos ver e observar os comportamentos. São experiências, e depois veremos. Não podemos tirar conclusões antes de avaliar estes pilotos”, disse Graça Freitas.

Conforme tinha já anunciado a Federação Portuguesa de Futebol, as partidas em causa são o jogo de preparação entre as seleções de Portugal e de Espanha, no próximo dia 7 de outubro, pelas 19h45, no Estádio Alvalade xxi –, em que será autorizada a ocupação de 5% da lotação do estádio com público. Já no jogo oficial entre as seleções de Portugal e da Suécia, a contar para a Liga das Nações, será autorizada a ocupação de 10% da lotação do estádio com público”. Acontece no dia 14 de outubro, às 19h45, também no Estádio Alvalade xxi.

Dada a lotação de 50 mil lugares em Alvalade, estarão assim 2500 pessoas, no máximo, no primeiro jogo e cerca de 5 mil no segundo. A epidemia mantém a tendência crescente e deverá, na altura, estar acima dos mil novos casos diários. Ontem foram confirmados 825 novos casos, 398 na região de Lisboa. O número de internamentos continua a subir e ultrapassou-se o patamar de 100 doentes em cuidados intensivos. A maioria estão internados nos hospitais de Lisboa. O Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, é o que tem tido maior pressão.

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