Face ao aumento do conflito armado no enclave de Nagorno-Karabakh, entre a Arménia e o Azerbeijão, que já provocou vítimas mortais, o Conselho de Segurança da ONU apelou ao “fim imediato dos combates” no terceiro dia de confrontos entre os países.
Na declaração, 15 membros do Conselho de Segurança expressaram “apoio ao apelo lançado pelo secretário-geral a ambos os lados, para cessar imediatamente os combates, acalmar as tensões e retomar negociações construtivas sem demora”.
No terceiro dia do confronto, os combates já provocaram mais de 90 mortes, entre as quais, pelo menos, 11 civis. Desde 2016, que não se registavam tantas baixas entre estes dois países, ano em que se registaram um total de cem mortes. Arménia e Azerbaijão estão em conflito há mais de 30 anos.
Um conflito sem fim Nagorno-Karabakh é um território do Império Russo disputado pela Arménia e Azerbaijão desde a guerra civil após a revolução bolchevique de 1917. Esta região foi anexada em 1921 por Estaline à República Socialista Soviética do Azerbaijão, tendo obtido, a partir de 1923, um estatuto autónomo.
Durante anos, os dois países estiveram em guerra para decidir quem é que ficaria com o domínio desta zona montanhosa, habitada principalmente por arménios, provocando cerca 30 mil mortes e centenas de milhares de refugiados.
Em 1994, assinaram um cessar-fogo, que vigora até hoje, apesar de combates regulares entre os dois países.
Perante o mais recente conflito, o Azerbaijão e a Arménia acusam-se mutuamente de terem iniciado as hostilidades e declararam a lei marcial, mantendo uma linguagem beligerante.
O Presidente russo, Vladimir Putin, que atua como árbitro na região, pediu o fim dos confrontos. “Todos os esforços devem ser feitos agora para evitar uma nova escalada do conflito, sendo fundamental a suspensão das ações militares”, afirmou o político num comunicado onde esclarecia os assuntos discutidos com o primeiro-ministro arménio.
O que significa este conflito? Especialistas temem que este confronto seja diferente dos anteriores e que possa vir a ser mais fatal que o de 2016. “Estamos a passos de uma guerra a grande escala”, disse Olesya Vartanyan, da ONG International Crisis Group, focada em resolver este conflito armado, ao Al Jazeera.
Vartanyan recordou que Nagorno-Karabakh serve como um corredor petrolífero para inúmeros mercados do mundo o que aumenta a sua importância e que pode trazer novos elementos a este conflito, como a Rússia ou a Turquia, que já demonstrou o seu apoio ao Azerbaijão, disponibilizando quaisquer equipamentos militares que Baku venha a solicitar.
Na terça-feira, a Arménia acusou a Turquia de abater um dos seus aviões militares, no entanto o Governo turco desmentiu as acusações.
Independentemente da veracidade destas acusações, o Kremlin pediu à Turquia para “não deitar achas na fogueira” e trabalhar no sentido da paz.
“Apelamos a todos os países, sobretudo aos nossos parceiros como a Turquia, a fazer tudo o que seja possível para um cessar-fogo e um acordo pacífico para o conflito”, disse o porta-voz do Governo russo, Dmitri Peskov.