Vital, crucial e essencial


Em 2019, cerca de 14% dos jovens estavam desempregados três anos depois de terminarem os seus cursos universitários.


“Uma sociedade que não se sacrifica pelos velhos é falha de empatia. Uma sociedade que não se sacrifica pelos novos está condenada”.

Daniel Oliveira, Expresso

 

A Assembleia da República debateu na passada quarta-feira o Plano de Recuperação e Resiliência apresentado pelo Governo, elaborado por António Costa Silva.

Na verdade, debateu muito menos o plano do que seria desejável e, como vem sendo hábito, dedicou-se mais a assuntos menores, mas seguramente com mais impacto mediático.

Tratou-se, portanto, de um debate vago, com boas frases para títulos como, por exemplo, “acelerar o futuro”, “responder às vulnerabilidades sociais” ou “aumentar o nosso potencial produtivo”.

O primeiro-ministro, como lhe competia, defendeu o plano como a solução para quase todos os nossos males, argumentando que se trata de “uma base sólida para enfrentar o desafio da recuperação”.

Rui Rio, que não deve ter ainda lido o plano, começou por criticar a intenção do Governo de aumentar o salário mínimo para o próximo ano, por considerar que tal medida “fomenta o desemprego”. Ao mesmo tempo mostrou-se preocupado com a inexistência de mecanismos eficazes que combatam a corrupção, prevendo que a chuva de milhões arrastará inevitavelmente a tentação de ganhos fáceis por meios ilícitos.

Na verdade, independentemente da qualidade do plano, as dúvidas que legitimamente se colocam incidem sobre a capacidade para o levar a cabo e, sobretudo, a transparência na gestão dos dinheiros que vão chegar da União Europeia.

O nosso historial não é brilhante nesta matéria.

Enquanto isto, os jovens portugueses esperam e desesperam pela oportunidade de empregos condignos, compatíveis com a sua formação.

A percentagem de desemprego jovem em Portugal é a quinta mais elevada da Europa dos 27. Em 2019, cerca de 14% dos jovens estavam desempregados três anos depois de terminarem os seus cursos universitários.

No mesmo ano, o desemprego na faixa etária até aos 25 anos era de 18,3%, enquanto na faixa etária dos 25/54 era de 5,7%.

Este é um dos maiores desafios que Portugal enfrenta. Se não o resolver, Portugal perde o futuro.

Elementar, meu caro primeiro-ministro.

 

Jornalista