O Conselho das Finanças Públicas (CFP) prevê uma recessão de 9,3% em 2020 na sequência da pandemia. No relatório “Perspetivas Económicas e Orçamentais 2020-2024”, o CFP aponta para o início da recuperação já em 2021, mas alerta que só em 2024 a economia vai recuperar o nível do PIB real pré-covid.
A contração de 9,3% do Produto Interno Bruto (PIB), que o CFP antecipa para 2020, traduz uma revisão em baixa em 1,8 pontos percentuais face às anteriores previsões (efetuadas em junho), justificada pelos dados das contas nacionais entretanto conhecidos e que confirmam que a quebra da atividade económica causada pela covid-19 foi “mais acentuada” que o previsto. “Esta revisão deve-se principalmente ao contributo das exportações líquidas”, aponta o relatório que assinala uma revisão em baixa para -22,5% das exportações em 2020 “sobretudo pelo pior desempenho das exportações de serviços verificado no primeiro semestre, associado ao setor do turismo”. Neste contexto, antecipa “uma perda de quota de mercado este ano e uma recuperação mais lenta deste setor face ao cenário base anterior”.
As estimativas da entidade liderada por Nazaré Costa Cabral para 2020 são também mais pessimistas que as do Governo – que no Orçamento do Estado Suplementar prevê que o PIB contraia 6,9% este ano e aumente 4,3% em 2021.
As previsões do CFP para o próximo ano são, porém, agora, mais otimistas, uma vez que indicam que a economia portuguesa pode crescer 4,8% em 2021 (acima dos 3% que apontava em junho) e 2,8% em 2022. O CFP projeto que, no médio prazo, e na ausência de novas medidas, o crescimento da atividade económica “deverá convergir para valores em torno de 1,7%” (1,8% em 2023 e 1,6% em 2024), pelo que a economia portuguesa deverá recuperar o nível real do PIB registado antes da pandemia somente em 2024.
Relativamente ao mercado de trabalho, o CFP estima uma contração do emprego de 4% em 2020 (valor que traduz uma revisão em alta de 1,0 pontos percentuais face às previsões de junho) e uma taxa de desemprego de 10%. “A recuperação da atividade económica a partir do final de 2020 deve levar à subsequ37,6% do PIB.ente recuperação do crescimento do emprego para 1,3% em 2021 e 1,1% em 2022, bem como à diminuição da taxa de desemprego para 8,8% e 7,8% em 2021 e 2022, respetivamente”, assinala o relatório, antecipando que “para 2024 (médio prazo), a maturação do mercado de trabalho reflete-se num crescimento do emprego na ordem dos 0,4% e na estabilização da taxa de desemprego em torno de 6,8%”, sublinha o documento.
No relatório, o CFP estima ainda que o défice deverá chegar aos 7,2% em 2020, mais 0,8 pontos percentuais do que antecipava em junho. A contribuir para o défice de 2020 estão as medidas adotadas em resposta a pandemia (já contando com o apoio financeiro à TAP e à SATA), com o CFP a estimar que em 2020 estas venham a ter um impacto negativo no saldo orçamental das administrações públicas de 4,6 mil milhões de euros, equivalente a 2,4% do PIB. A confirmar-se a dívida pública vai “disparar”, passando de 117,7% do PIB, em 2019, para um novo máximo histórico de 137,6%.