8 de setembro de 1953. O grande salsifré dos elétricos na Baixa de Lisboa!!!

8 de setembro de 1953. O grande salsifré dos elétricos na Baixa de Lisboa!!!


Uns a favor dos automóveis, outros (a maioria) a favor da libertação das ruas da Baixa do estacionamento de carros particulares. O assunto chegou a sessão camarária com versões de ambas as partes. Os elétricos estavam pela primeira vez em perigo numa guerra contra os automóveis.


De um dia para o outro, a bernarda estalou: havia um grupo de lisboetas profundamente irritado que exigia a retirada total dos elétricos da Baixa. Ora, nós já tivemos oportunidade de assistir a essa espécie de crime nos tempos modernos, mas estamos a falar de 1953 e a ideia levantou uma onda gigante tanto de apoio como de contrariedade.

A matéria chegou, como não podia deixar de ser, à câmara municipal, e foi alvo de sessão especial. Ainda havia, no entanto, um ou outro espírito mais lúcido: “Não são os carros elétricos que dificultam o trânsito; são os próprios automóveis que cada vez o tornam mais difícil e embaraçam a circulação dos carros elétricos que, ligados aos carris e ao trólei, não podem tomar outros caminhos mais fáceis, como aqueles podem fazer”, podia ler-se num dos estudos publicados.

Erguia-se, em sentido inverso, outra teoria: porque não proibir a circulação automóvel no centro da capital, pelo menos a determinadas horas? Não seria muito mais lógico? Sem metropolitano, que demoraria a chegar, Lisboa parecia prisioneira no seu labirinto de ruas estreitas e travessas sem saída.