O secretário-geral da Organização Mundial do Turismo disse hoje que foram perdidos cerca de 270,6 mil milhões de euros em exportações do turismo entre janeiro e maio e estão em risco cerca de 120 milhões de empregos diretos.
“Nos primeiros cinco meses deste ano, as chegadas de turistas internacionais diminuíram em mais de metade e cerca de 320 mil milhões de dólares [270,6 mil milhões de euros] em exportações do turismo foram perdidos”, disse Zurab Pololikashvili, numa mensagem de vídeo.
O responsável adiantou também que, globalmente, há cerca de 120 milhões de empregos diretos no turismo que estão em risco, devido ao impacto da pandemia de covid-19 no setor.
“Esta crise é um grande choque para as economias desenvolvidas, mas para os países em desenvolvimento é uma emergência, especialmente para vários pequenos Estados insulares em desenvolvimento e países africanos”, alertou.
A mensagem do secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT) foi divulgada no mesmo dia em que a organização apresentou um relatório sobre o impacto da pandemia no turismo.
De acordo com o documento, as receitas de exportação do turismo podem cair 769,68 mil milhões de euros, para 1,01 biliões de euros, em 2020, o que poderá reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) global em 1,5% a 2,8%.
O relatório destaca que o turismo sustenta um em cada dez empregos e fornece meios de subsistência para muitos milhões mais nas economias em desenvolvimento e desenvolvidas.
No entanto, em vários Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS, na sigla em inglês), o turismo é responsável por até 80% das exportações, ao mesmo tempo que representa uma parcela importante das economias nacionais, tanto nos países em desenvolvimento como nos desenvolvidos.
Além dos cerca de 100 milhões de empregos diretos no turismo que estão em risco, há também setores associados que empregam 144 milhões de trabalhadores em todo o mundo.
Segundo a OMT, as pequenas empresas são particularmente vulneráveis e representam 80% do turismo global.
Já em termos demográficos, as mulheres, que representam 54% da força de trabalho do turismo, os jovens e os trabalhadores da economia informal estão entre as categorias de maior risco.
Por fim, a organização elenca cinco medidas a seguir para transformar o turismo, tornando-o mais “resiliente, inclusivo, neutro em carbono e eficiente em recursos”: mitigar os impactos socioeconómicos sobre os meios de subsistência, particularmente o emprego das mulheres e a segurança económica; promover o turismo doméstico e regional, sempre que possível, e a facilitação de um ambiente de negócios propício para micro, pequenas e médias empresas; avançar na inovação e na transformação digital do turismo; fomentar a sustentabilidade e o crescimento verde; promover a coordenação e parcerias para reiniciar e transformar o setor, facilitar e eliminar as restrições às viagens de maneira responsável e coordenada.
“É preciso um maior nível de colaboração entre os países”, disse a chefe de Informações de Mercado e Competitividade da OMT, Sandra Carvão, num ‘briefing’ aos jornalistas, a propósito da divulgação do relatório.
A responsável considerou ainda que há uma base forte para o desenvolvimento do turismo doméstico em vários países e que alguns até já estão a apostar nesse mercado.
“Aqueles que são muito dependentes do turismo internacional precisam do apoio da comunidade internacional”, defendeu.
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 4,9% em 2020, arrastada por uma contração de 8% nos Estados Unidos, de 10,2% na zona euro e de 5,8% no Japão.