Os lojistas que estão a explorar os aeroportos portugueses apontam o dedo à concessionária, ANA – Aeroportos de Portugal, pelo facto de não terem tido direito a qualquer tipo de desconto pelo espaço numa altura em que o tráfego continua muito baixo, apurou o i. A mesma fonte lamenta que não tenham sido dadas a estes empresários as mesmas condições que foram atribuídas a quem está nos centros comerciais.
Em causa está o diploma aprovado pelo Governo que prevê o não pagamento da renda fixa até março de 2021, cabendo aos lojistas o pagamento apenas da renda variável, ou seja, conforme o volume de vendas. Ainda assim, terão de assumir as chamadas despesas comuns, como limpeza, segurança e eletricidade. De acordo com o último estudo feito pela Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR), as vendas das lojas dos centros comerciais continuam em queda, na ordem dos 43% face ao período homólogo. Só nos centros comerciais da área de Lisboa, as vendas caíram cerca de 45%.
Contactada pelo i, fonte oficial da ANA não reconhece estas críticas, garantindo que “tem trabalhado proativamente com os seus parceiros de negócio, nomeadamente na área do retalho, no sentido de desenvolver planos de retoma de atividade”. E afirma que “logo nos primeiros meses da pandemia, a ANA promoveu (em abril) medidas para reduzir a pressão de tesouraria dos nossos parceiros de negócio, através da definição de condições especiais de pagamento”.
Já em julho, a empresa responsável pela gestão dos aeroportos nacionais assegura que, mediante a maior visibilidade sobre a evolução do tráfego, promoveu um conjunto de medidas de apoio à retoma das atividades comerciais nos Aeroportos ANA, nomeadamente o retalho. “Estas medidas tiveram por base as perspetivas de evolução do tráfego, com a elaboração de propostas que se estendem, em alguns casos, até 2023, incidindo particularmente na redução da componente fixa das taxas”, diz ao i.
E garante que todos os operadores de retalho dos aeroportos geridos pela ANA receberam uma proposta de apoio à retoma de atividade. “Estas propostas têm, genericamente, sido bem aceites pelos nossos parceiros, o que claramente evidencia a forte coordenação e propósito dos intervenientes. Até à data foram já fechadas negociações com parte significativa dos operadores. É esperado que, após o período de férias, o processo fique concluído”. E acrescenta que, “embora fortemente afetada por esta crise, a ANA assume como prioritária a relação e colaboração com os seus parceiros de forma que todo este setor consiga ultrapassar este momento difícil o mais depressa possível”.
Recorde-se que, de acordo com os últimos dados do INE, as restrições a viagens tiraram 18 milhões de passageiros aos aeroportos nacionais em comparação com o primeiro semestre de 2019, totalizando apenas 9,9 milhões de passageiros, o que representa uma quebra de 64,5%.