Faltam menos de dois meses para o Governo entregar a proposta de Orçamento do Estado para 2021 na Assembleia da República. Talvez por isso, o presidente do PS, Carlos César, tenha recuperado declarações suas sobre o papel dos parceiros de esquerda na anterior legislatura e tenha optado por colocar mais pressão para um entendimento, com um objetivo: garantir estabilidade governativa para a legislatura.
Os tempos são difíceis e Carlos César não foi parco no apelo, em jeito de desafio. "É tempo de dizer ao BE, PCP e PEV, ou mesmo ao PAN, se são ou não capazes de reunir esses consensos num enunciado programático com o PS, suficiente mas claro, para a Legislatura… ou se preferem assobiar para o ar à espera dos percalços", escreveu o dirigente nacional do PS no Facebook no passado fim de semana, em pleno mês de férias.
"A expectativa de estabilidade política é fundamental para vencermos os enormes desafios de recuperação económica e social que o presente e o futuro nos reserva", escreveu César. E tudo deve ser feito sem demoras.
Mas o repto à esquerda não teve resultados. As reações foram, sobretudo, do BE e não foram animadoras para os socialistas. Primeiro, foi a própria coordenadora, Catarina Martins, a lembrar aos socialistas que "faltam da parte do PS respostas essenciais". Um dos fundadores do BE, Francisco Louçã, escreveu no Expresso que a «pressa facebookiana é má conselheira» – numa resposta direta a César.
Por seu turno, o deputado e vice-presidente do Parlamento José Manuel Pureza considerou que "intimar a esquerda a fazer consensos com o PS sem clarificar de uma maneira muito precisa qual é o conteúdo político desses consensos não é uma coisa séria" – afirmou esta semana ao jornal i o parlamentar bloquista.