Distanciamento social ou distanciamento físico?


‘Distanciamento Social’ existe na sociedade, num comboio, entre a 1.ª e a 2.ª classe, das carruagens, existe num quartel, com uma messe para oficiais, outra para sargentos e ainda outra para soldados…


Há, no Portugal do séc. XXI, uma forma de falar que era sèriamente penalizada no séc. XX. Nos anos 40, nos liceus e escolas privadas, apesar do ambiente familiar já contar com Pais, desses alunos, que eram Licenciados por Faculdades Estatais. Quer isto dizer, que hoje fala-se mal, as pessoas não respeitam o significado das palavras e não são punidas, nem castigadas, nem prejudicadas, como eram os alunos dos anos 40 do século passado. São menos cultos em Português e Matemática, mas exímios em computadores que julgam que são mais perfeitos e completos que o cérebro humano, já que não sabem o que é Cibernética e nunca estudaram o sistema nervoso humano.

Mas voltando ao tema: ‘distanciamento social’, ele existe na sociedade, num combóio, entre a 1ª e a 2ª classe, das carruagens, existe num quartel, com uma messe para oficiais, outra para sargentos e ainda outra para soldados. Mas isto é discriminação, é distância social, é distanciamento social, que discrimina, mas não é distância física. Quando se refere 1 metro ou 2 metros entre mesas, estamos a falar de distância física e não de distanciamento social. Enfim, quem determina, quem dirige, quem dá ordens, quem programa a vida da sociedade tem que saber aplicar as palavras correctas, para que estas transmitam ideias claras e compreensivas, ou seja, fáceis de entender.

Reza a História que um candidato a militar, mas ainda civil, foi à Av. António Augusto de Aguiar, em Lisboa, com um cartão de visita de um seu tio, ex-aluno do Colégio Militar e ex-colega de um general da Força Aérea, com o qual ele queria falar, por pretender abraçar a Força Aérea. Quando se abriu a porta do gabinete, ouviu gritos de, à distância, à distância de pelo menos 10 metros…, isto em 1957.

Isso era de facto, distanciamento social, não era só distância física, pois o que ela permitia era, na realidade, manter um distanciamento social. O desporto amador, quando bem orientado, combate estes e outros aspectos sociais, tendo em vista a socialização de todos que permita a integração, de todos, na sociedade, num plano de plena igualdade e fraternidade, que caracterizam uma democracia.

Faltam, de facto, sociólogos a trabalhar em organismos do Estado, e não só, já que, hoje, uma grande parte dos dirigentes administrativos não têm uma boa preparação rofissional e, por vezes, também não têm sequer educação social e cívica.

Atendendo à desestruturação da família, às famílias monoparentais, às famílias com dois pais ou duas mães, e outras combinações possíveis, como Alvin Toffler explicou nos anos 70 do séc. XX, só nos resta recorrer a adaptação aos tempos modernos e colmatar as lacunas existentes com um investimento na ‘formação-reparaçâo’, para que seja possível ‘disfarçar’ a falta ou faltas graves de muitos responsáveis que dão uma péssima imagem dos nossos quadros superiores, quer no Estado, quer em grandes empresas.

 

Sociólogo

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