A União Europeia vai enviar 33 milhões de euros de ajuda de emergência. O Presidente francês, Emmanuel Macron, está de visita a Beirute e garantiu que vai ajudar a população. Portugal, através Mecanismo Europeu de Proteção Civil, vai enviar profissionais qualificados para participar na ajuda humanitária.
Ninguém ficou indiferente ao desastroso acidente que aconteceu na terça feira em Beirute, quando duas explosões, uma das quais de enorme violência, na zona portuária provocaram, segundo o mais recente balanço das autoridades libanesas, pelo menos 137 mortos e mais de 5.000 feridos.
A presidente do executivo comunitário da UE, Ursula von der Leyen, depois de ter uma conversa telefónica com o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, além do apoio financeiro, colocou à disposição de Beirute equipas especializadas na deteção química, biológica, radiológica e nuclear, um navio militar com helicóptero para evacuação médica, equipamento médico e de proteção e ainda destacou, para já, mais de 100 bombeiros altamente treinados de busca e salvamento, com veículos, cães e equipamento médico de emergência.
A França enviou equipas de socorro e medicamentos, homenageou as vítimas com um apagão simbólico das luzes da Torre Eiffel e pretende “organizar a cooperação europeia e a nível mais vasto a cooperação internacional”. Macron, o primeiro político estrangeiro a visitar a capital libanesa após a catástrofe, referiu que são necessárias reformas para lidar igualmente com a crise económica do país.
“Se estas reformas não forem feitas, o Líbano continuará a afundar-se”, sublinhou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa expressou as condolências ao seu homólogo libanês. “Portugal tem estado sempre atento à situação no Líbano, tem apoiado os esforços do secretário-geral das Nações Unidas, porque entende que é fundamental para a paz na região e global”, disse na quarta-feira aos jornalistas.
Portugal manifestou-se disponível para ajudar as autoridades libanesas, nomeadamente com “a disponibilidade para o envio de uma Força Operacional Conjunta Nacional, composta por 42 operacionais”, que irá contar com o INEM, elementos da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, da GNR e do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, comunicou o Ministério da Administração Interna português.
Covid-19
O ministro da Saúde libanês, Hamad Hassan, disse à rádio oficial libanesa que teme que as repercussões da explosão possam causar um “aumento do número de infetados nos próximos dias” em Beirute, devido à necessidade de dar prioridade ao atendimento dos mais de 5.000 feridos causados pelas explosões.
Os hospitais da capital libanesa entraram em colapso após a tragédia, com milhares de pessoas a chegar com ferimentos de vários tipos e, segundo explicou o ministro, perderam-se muitos dos equipamentos de proteção contra o coronavírus, pelo que o Governo quer que os hospitais de campanha que estão a ser criados também tratem casos de covid-19.
O Líbano contabilizou, até agora, 65 mortes e 5.062 casos de covid-19 e tem registado um aumento significativo de infeções nas últimas semanas.
Julgamento adiado
O Tribunal Especial para o Líbano deveria finalmente anunciar a sentença do julgamento dos quatro suspeitos envolvidos no assassínio, em 2005, do antigo primeiro-ministro libanês, Rafic Hariri. Contudo, devido às explosões de terça-feira, a leitura foi adiada para dia 18 deste mês “em sinal de respeito às incontáveis vítimas”, anunciou o tribunal em comunicado.
Especialistas políticos temem que a condenação destes quatro suspeitos provoque a escalada para um novo conflito armado no país.
Rafic Hariri, muçulmano sunita e uma das figuras políticas mais marcantes do Líbano após o fim da guerra civil, em 1990 (foi primeiro-ministro até à sua demissão, em outubro de 2004), foi assassinado em fevereiro de 2005, quando um camião armadilhado atingiu o veículo blindado onde seguia. O atentado foi orquestrado por quatro supostos membros do movimento xiita Hezbollah, Salim Jamil Ayash, Mustafa Amine Badredine, Hussein Hassan Oneisi e Assad Hassan Sabra (que estão a ser julgados à revelia num tribunal em Haia, na Holanda), e provocou um total de 21 mortos e 226 feridos.