Governar é prever o futuro, é antecipar o futuro de tal modo que o futuro está já no presente. O sociólogo vive no futuro, por que estudou e viveu o passado, está atento ao presente e por isso pode projetar o futuro. Há questões técnicas, tecnológicas, energéticas e, sobretudo, biológicas a resolver para que o Homem possa mudar-se para outro planeta.
Utopia, a verdadeira, é colocar valores espirituais e religiosos, acima de valores temporais, por que como as palavras indicam, uns são perenes e outros efémeros, passageiros, é só esperar e resolvem-se com o tempo, por isso a inteligência indica o caminho certo que é, hoje, compatibilizar a moral de convicção com a moral de responsabilidade, ou seja, de Dante a Maquiavel.
Desde o radicalismo de não ceder perante a consciência da convicção, tão cara à Justiça, até à tolerância que levou o “príncipe” a dizer “que perdia a alma, mas salvava a cidade”. O que queremos dizer é que quem hoje tem a responsabilidade de zelar pelo futuro dos outros tem, por vezes de colocar de lado algumas convicções pessoais, que não princípios, para que seja possível evitar radicalismos e conciliar posições antagónicas, mas tendo sempre em mente as palavras de Roland Mager quando afirmava que, “quem não sabe para onde quer ir não se pode admirar de chegar aonde não queria”.
Significa isto que um governante tem que ter uma bússola, enquanto responsável pela grei, que lhe indique sempre o Zénite que nunca poderá confundir com o Nadir. Sabemos, hoje, que as bombas atómicas da 2.ª Guerra Mundial, 1939/1945, causaram 60 milhões de mortos, destruíram edifícios e contaminaram solos, durante 30 anos, Nagasaki e Hiroshima (Japão).
Hoje a potência das atuais bombas nucleares são 30 vezes superiores, o que significa que a destruição de imóveis e monumentos culturais seria 30 vezes pior, e que os solos poderão levar 100 anos a regenerar, com vista à produção agrícola, o que significaria a fome e a morte de milhões de seres humanos.
A atual pandemia veio alterar, por completo, o “equilíbrio do terror”, já que mostrou que é possível destruir pessoas sem destruir património, mas desarticulando, radicalmente, a vida dos cidadãos de todo o planeta Terra, sem disparar um único tiro, e tornando inoperacionais todos os exércitos do mundo, já que não pode haver operacionalidade militar, com recursos humanos contaminados com vírus infecciosos e mortíferos.
Será a guerra bacteriológica a “arma” do futuro? É mais barata, implica menor complexidade, mais fácil de produzir, menos pessoal envolvido e, sobre tudo, capacidade ofensiva garantida. No fundo, podemos dizer que é a democratização da guerra barata e acessível a qualquer país.
Esta é talvez a maior ameaça que, até hoje, paira sobre o nosso planeta, para as pessoas, para os países e nações que terão que se organizar de outra forma, que não mais a atual, que é baseada na desigualdade de acesso aos recursos existentes, na lei do mais forte, na imposição da força aos mais fracos, apenas à custa do dinheiro que até agora possuíam, retirando recursos aos mais fracos para os manter subjugados e obedientes através do medo das represálias o que levou a que 96% da população mundial tenha o mesmo rendimento de 4%. Isso acabou, e a partir de agora, todos serão “iguais” e todos terão medo, por que uma pequena “caixa de fósforos” pode abrigar vários vírus mortais.
É uma nova ordem mundial que nasce, que terá de ser organizada e, bem gerida, para que seja possível viver na Terra.
Sociólogo
Escreve quinzenalmente