Nesta coluna e noutros documentos redigidos por instituições e atores dos Mares e Oceano, vias fluviais zonas lagunares e estuarinas foram muitos os momentos em que foi afirmado que este imenso território não é somente um desígnio mas sim um valor estratégico essencial para potenciar e assegurar o desenvolvimento e crescimento da inovação e investigação, do social, do ambiente e da economia em Portugal, pelo que não deveria merecer admiração o facto da proposta de “Plano de recuperação económica e social de Portugal” do Professor António Costa Silva tratar “o mar como um ativo crucial do território, da soberania, da economia e do desenvolvimento do país”.
De facto, como já muitas vezes foi dito, é fundamental não só termos uma boa política pública e estratégica para o mar, como também assegurar a sua incrementação e desenvolvimento através de ações e projetos, sempre que possível transversais, abrangentes, e que cubram a ampla diversidade ambiental, social e económica que o mar proporciona e acolhe. Sendo imprescindível estimular uma forte atitude colaborativa entre os diversos atores e um contínuo apoio político, financeiro, administrativo, fiscal e material para a sua concretização e crescimento.
Assim, é necessário continuar a adquirir conhecimento sobre os Mares e Oceano, sendo importante garantir um apoio mais sistemático, robusto, assertivo e articulado, com maiores recursos materiais e financeiros nas ações de investigação e inovação, e no seu mapeamento, tal como é afirmado na proposta supra citada “medir e mapear as propriedades relevantes do mar” e intervir nele com “base no conhecimento e na tecnologia”, para de forma sustentável e ambientalmente adequada continuar a dele recolher proveito económico e social.
Conhecer, explorar e utilizar o “Mar português” deve garantir o crescimento do seu ecossistema empreendedor, ainda fraco, e promover e incrementar novos programas de regeneração, revitalização das atividades de segurança e salvamento, bem como das atividades económicas, sejam elas tradicionais – construção e reparação naval, pesca e aquacultura, transformação do pescado, marítima ou turística, portos e logística, shipping, marítima ou turística –, emergentes – energia offshore, robótica e automação, mineração, biotecnologia, biodiversidade, biomateriais, saúde, cosmética – ou outras.
Bem como aproveitar adequadamente a sua vasta transversalidade e abrangência, articulando, tanto quanto possível, os seus projetos e ações, potenciando a geração de novas ideias e oportunidades, de forma a consolidar a enorme, complexa e valiosa cadeia de valor que por sua vez ajuda a crescer, desenvolver e fortalecer diferentes atividades ou setores da economia nacional.
Deste modo, estaremos todos de acordo que um voltar ao mar exige que nos foquemos na sua abrangência e transversalidade e na priorização e intensificação da política pública do mar, dos atores governamentais, institucionais, económicos e académicos, como sempre afirmámos, e é reafirmado na proposta de “Plano de recuperação económica e social de Portugal” ,nomeadamente ao defender “… uma intervenção no mar mais racional, inteligente, estruturada… e promover o uso mais eficiente dos recursos”. Assim, o “Mar português” poderia tornar-nos novamente num país global, forte, pujante e diversificado.