As relações dos Estados Unidos da América com a China continuam a azedar como leite fora do frigorífico. Depois de, na quarta-feira, a China ter anunciado que foi forçada pelos Estados Unidos a encerrar o seu consulado na cidade de Houston, as autoridades norte-americanas estão agora a procurar uma cientista chinesa acusada de fraude de visto e que está refugiada no consulado chinês de São Francisco.
Em causa está Tang Juan, investigadora chinesa que está a ser acusada de ter escondido ao FBI a sua ligação com o Exército de Libertação Popular (PLA), forças militares da República Popular da China e do Partido Comunista da China, de forma a obter autorização para entrar nos Estados Unidos.
Depois de investigações que incluíram uma busca na sua residência, foi descoberta uma foto de Tang com um uniforme da PLA e que esta trabalhou, como investigadora, na Air Force Military Medical University. Quando foi interrogada pelo FBI, no dia 20 de junho, a investigadora disse que não reconhecia as insígnias no seu uniforme e que “a utilização do uniforme militar era obrigatória para quem frequentasse aquela universidade militar”.
Após este interrogatório, ainda no mesmo dia, Tang deslocou-se para o referido consulado chinês, onde ainda permanece.
Além do caso de Tang, foram também visados dois cientistas chineses com ligações ao PLA. Segundo as autoridades dos EUA, alegadamente, fazem parte de um programa em que são enviados cientistas militares sob disfarce para poderem roubar informações das universidades americanas.
Segundo o Guardian, em Houston, os bombeiros foram chamados a comparecer na embaixada chinesa desta cidade porque surgiram relatos de fumo, originados por membros da embaixada a queimarem documentos.
“Existem provas em pelo menos um destes casos de cientistas militares que copiaram ou roubaram informações de instituições americanas para os seus superiores militares na China”, disse um dos procuradores americanos, citados pela CNN. “Ainda existem provas adicionais de que o governo da República Popular da China instrui estes indivíduos para destruírem provas e coordenarem esforços em relação à partida destes indivíduos dos EUA, particularmente depois das acusações contra Xin Wang”. Este caso aconteceu no dia 7 de junho de 2020, quando Wang foi preso por fraude de visto.
A diretora do Departamento de Informações do Ministério das Relações Exteriores da República Popular da China, Hua Chunying, disse que estas acusações são “perseguição política flagrante”.
“Wang Xin faz pesquisas no campo de doenças cardiovasculares. Não vejo como isso possa ameaçar o interesse ou a segurança nacional dos EUA”, citou a CNN.
Embaixada encerrada Depois de a China ter anunciado que foi forçada a encerrar o consulado de Houston, o porta-voz da diplomacia chinesa Wang Wenbin disse que esta medida foi uma “provocação”. “A China condena veementemente esta ação ultrajante e injustificada”, disse Wang, acrescentando que ela viola o direito internacional e os acordos consulares entre os dois países e advertindo que vai haver “retaliação”.
“Pedimos aos EUA que corrijam esta decisão errada ou, caso contrário, a China vai adotar uma retaliação legítima e necessária”, disse Wang. Não houve confirmação ou explicação por parte dos Estados Unidos.