Incêndio. Esquerda e PAN querem explicações sobre morte de animais

Incêndio. Esquerda e PAN querem explicações sobre morte de animais


MAI abre inquérito à atuação da GNR e da Proteção Civil no incêndio de Santo Tirso. Governo pressionado a apurar responsabilidades.


Bloco de Esquerda, PCP e PAN querem explicações do Governo sobre a morte de 54 animais num incêndio em Santo Tirso. O PEV já apresentou dois projetos de resolução, no Parlamento, para que os bombeiros passem a ter formação para resgatar animais em caso de catástrofe e para que seja feito um levantamento dos abrigos particulares existentes a nível nacional.

Os deputados comunistas enviaram ontem 13 perguntas ao Governo e querem apurar se “as autoridades competentes conheciam os ‘abrigos’ em causa, quantos animais estavam nessas instalações” e “como se procedeu o resgate dos animais”. O PCP alerta que “esta situação está a gerar natural indignação e impõe-se que sejam prestados esclarecimentos e apuradas responsabilidades”.

O Bloco de Esquerda também quer explicações sobre este caso. Os bloquistas querem ouvir, no Parlamento, o ministros da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e a ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque. A deputada do Bloco de Esquerda, Maria Manuela Rola, lembrou ontem, nas redes sociais, que o BE já tinha alertado para estas situações e considera “inadmissível o laxismo e passa culpa de anos. Aqui há responsabilidades criminais mas também políticas. Do poder local e central”. Já André Silva, do PAN, considerou que “houve uma negligência enorme, diria até um dolo por parte das autoridades, que permitiram que estes animais fossem queimados vivos e que não fossem resgatados, nem pelas autoridades nem pelos populares”.

A polémica sobre as condições em que morreram os animais levou o ministério a Administração Interna a anunciar a abertura de um inquérito “aos factos reportados visando apurar eventuais responsabilidades”. O ministério de Eduardo Cabrita justifica esta decisão com “eventuais falhas” na “atuação da Guarda Nacional Republicana (GNR) e dos agentes de Proteção Civil no terreno”.

O ministério da Agricultura revelou ontem, numa nota de imprensa, que os dois abrigos eram ilegais e já tinham sido alvo de “contraordenações e vistorias” de “várias entidades fiscalizadoras”.

O Partido Ecologista “Os Verdes” já avançou com duas iniciativas para dar resposta às consequências deste incêndio. Um dos projetos de resolução propõe que seja dada formação para salvar e resgatar animais em perigo de vida “no seio das entidades responsáveis pelo socorro em caso de catástrofe”.

O PEV apresentou também um projeto de resolução a recomendar ao Governo que “proceda ao levantamento dos abrigos particulares para animais existentes ao nível nacional, identificando-os e registando as suas condições de funcionamento”.

Animais acolhidos Todos os animais que estavam nos dois canis já foram acolhidos. Segundo avançou ontem a Câmara Municipal de Santo Tirso, dos 190 cães e gatos recolhidos com vida, 113 foram encaminhados para os canis municipais e para associações e 77 animais foram acolhidos por particulares. O incêndio que deflagrou em Santo Tirso, provocou a morte a 54 animais – 52 cães e dois gatos, que estavam em dois abrigos ilegais.

Depois do incêndio, o bastonário da Ordem dos Veterinários veio defender que deve ser feito um levantamento, a nível nacional, de todos os abrigos que existem. E, mais do que conhecer os números, Jorge Cid alertou que é fundamental saber em que condições funcionam os centros de acolhimento de animais. Enquanto este trabalho não for feito “situações destas vão-se repetir”, disse à Lusa o bastonário da Ordem dos Veterinários.

No domingo foi criada uma petição a pedir “justiça pela falta de prestação de auxílio aos animais do canil cantinho 4 patas em Santo Tirso” e, até ao final do dia de ontem, já tinha reunido mais de 150 mil assinaturas.

Com Rita Carvalho