Síria. Oposição de al-Assad consideram eleições um “teatro”

Síria. Oposição de al-Assad consideram eleições um “teatro”


Especialistas consideram que existe “falta de credibilidade” nas eleições uma vez que grande parte dos candidatos fazem parte do partido no poder há mais de 20 anos ou são leais ao seu regime. 


A Síria realizou este domingo eleições legislativas, adiadas por duas vezes devido à pandemia de covid-19, nas áreas controladas pelo regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, que apresentam 2.100 candidatos, que inclui empresários que sofreram sanções dos EUA, aos 250 assentos parlamentares.

Estas são as terceiras eleições desde o início de protestos em 2011 e da guerra civil que devastou a economia do país. Apesar de existirem diversos partidos a concorrer, o Al Jazira escreve que “uma verdadeira oposição ao Baath, partido de al-Assad, é inexistente”. Apesar do governo permitir partidos que se oponham ao regime, é esperado que estes boicotem a votação de forma ao Baath monopolizar o parlamento como fez nos anos anteriores.

Segundo o portal noticioso sobre o Médio Oriente Al Bawaba, a eleição será realizada em áreas controladas pelo regime, com sondagens parciais a ocorrer em regiões onde Bashar al-Assad tem algum controlo, como Hasakeh, Idlib e Raqa.

O Baas está no poder há meio século e tem vencido as legislativas por larga margem. Nas últimas eleições, em abril de 2016, a Frente Progressiva Nacional (aliança do Baas com nacionalistas e comunistas) conquistou 80% dos votos e elegeu 200 deputados.

 

Um teatro A agência de notícias Árabe Síria, controlada pelo estado da Síria, divulgou imagens de diversas pessoas a votar nas urnas o que para Hussein Arnous, Primeiro-Ministro sírio, deve ser considerado como “uma vitória política que pode ser acrescentada às vitórias militares”.

Contudo, Coligação Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias, partido contra o atual governo da família Assad baseado na Turquia, considera este processo “umas eleições teatrais do regime de Assad”. 

Especialistas consideram que as eleições têm “falta de credibilidade” uma vez que a maior parte dos candidatos ou fazem parte do Baath ou são leais ao seu regime. 

“A maioria dos sírios acredita que as eleições são apenas um processo controlado pelo regime para se representar como uma autoridade legitima no país”, disse ao Al Jazira, Zaki Mehchy, conselheiro sénior da organização sem fins lucrativos Chatham House, cuja missão é analisar o conhecimento e promover uma melhor compreensão dos principais temas políticos internacionais, e um dos fundadores do Centro Sírio de Pesquisas Políticas. 

“As pessoas sabem que os membros do parlamento são nomeados pelo Baath e tudo o que precisam para serem aprovados é lealdade e não serem qualificados [para o trabalho]”.

As presidenciais estão marcadas para 2021 e o chefe da diplomacia sírio, Walid Muallem, afirmou recentemente que “o Presidente Al-Assad vai continuar enquanto o povo sírio quiser”.

A Síria é liderada desde 17 de julho de 2000 por Bashar al-Assad, formado em oftalmologia, que se tornou herdeiro, em 1994, depois de seu irmão mais velho, Bassel al-Assad, ser morto num acidente de carro, e sucedeu ao pai, Hafez al-Assad, um mês depois de ter morrido de ataque cardíaco, na Presidência e na liderança do partido Baas.