Faltam três dias para Miguel Oliveira voltar à competição, no Mundial de MotoGP, que tem a primeira corrida da temporada agendada para o próximo domingo (19 de julho), no circuito espanhol de Jerez de la Frontera. O piloto português da Tech3 KTM está assim em contagem decrescente para iniciar o seu segundo ano na categoria rainha do motociclismo, depois de ter terminado à porta do top-15 (17.ª posição) na classificação geral de 2019, com um total de 33 pontos. No seu ano de estreia, o piloto natural de Almada teve como melhor resultado o 8º lugar no Red Bull Ring de Spielberg (Grande Prémio da Áustria), e já reforçou o objetivo de andar pelo top-10 nesta nova temporada. Mais reservado no que respeita a metas futuras, o francês Hervé Poncharal, patrão da equipa Tech3 da KTM, acredita que o piloto luso “está na melhor forma de sempre”. “Estamos muito contentes. A KTM evoluiu bastante a mota este ano e vamos ver o Miguel a lutar por boas posições”, disse o dirigente após ter assistido aos testes privados realizados no circuito italiano de Misano, no final do último mês de junho, onde o almadense, vice-campeão de Moto 2 em 2018, terminou o segundo dia como o piloto mais rápido.
De resto, de relembrar que Miguel Oliveira já alcançou o primeiro grande resultado de 2020, mesmo antes de entrar em ação na primeira etapa da prova. O piloto de 25 anos vai representar a equipa oficial da KTM no Campeonato do Mundo de motociclismo de velocidade em 2021. A confirmação foi feita há cerca de três semanas pela equipa austríaca, com o piloto português a ocupar o lugar de Pol Espargaró, que vai mudar-se para a a Honda no final da presente época. Miguel Oliveira vai reencontrar Brad Binder, piloto sul-africano com quem também já fez equipa nas categorias inferiores (Moto 2 e Moto 3).
MotoGP de regresso
Um pouco como em todo o universo desportivo, o Mundial de MotoGP não foi exceção, tendo sofrido várias alterações devido à pandemia de covid-19. A temporada vai arrancar quase cinco meses depois do previsto, e com várias mudanças no calendário. Inicialmente, a prova tinha pontapé de saída agendado para março, com o tradicional GP do Qatar, que integra o lote das várias etapas canceladas devido ao surto global do coronavírus.
Com 13 corridas em agenda, todas em solo europeu, cinco irão acontecer em formato de jornadas duplas, incluindo as últimas duas, em 8 e 15 de novembro, em Valência. Os noves moldes da competição entram em vigor já na etapa de estreia, no país vizinho: uma semana depois da corrida em Jerez, decorrerá o GP Andaluzia (26 de julho), a segunda prova deste Mundial. Segue-se o GP da República Checa (circuito de Brno); o GP da Áustria (Red Bull Ring, Spielberg) e o GP da Estíria (Red Bull Ring, Spielberg), nos dias 9, 16 e 23 de agosto. Já em setembro estão previstos os GP de São Marinho (circuito de Misano, Marco Simoncelli) e o GP de Emilia-Romagna (circuito de Misano, Marco Simoncelli), nos dias 13 e 20; além do GP da Catalunha (Barcelona, circuito de Montmelo), a 27 desse mês. Já em outubro esperam-se os GP da França (circuito de Bugatti, Le Mans), a 11; GP de Aragão (MotorLand Aragon, Alcaniz); a 18; e o GP Teruel (MotorLand Aragon, Alcaniz), a 25.
A época encerra oficialmente em novembro, com o GP da Europa (Valência, circuito Ricardo Tormo) e o GP da Comunidade de Valência (Valência, circuito Ricardo Tormo).
Miguel Oliveira admitiu que o facto de o calendário ter sido encurtado pode levar os pilotos a “adotarem diferentes estratégias”: se uns podem encarar “cada corrida como fosse a última”; outros poderão assumir “uma abordagem mais cautelosa”, tentando pontuar nas primeiras provas, “por não haver muitas oportunidades” para o fazer. Com um campeonato inédito à porta, o piloto luso acredita também que este poderá trazer um “grande desgaste físico e no qual os erros podem sair caros”, uma vez que muitas das provas acontecem em semanas seguidas. “Vamos fazer muitas corridas em três fins de semana seguidos e quem cair vai sofrer consequências de imediato, mas o positivo é que pode haver a sensação de que podemos voltar à pista e emendar os erros”, referiu.
Por enquanto, o jovem luso mostra-se confiante para voltar às pistas na prova “mais perto de casa”, lembrando que “Jerez sempre foi uma prova especial para mim porque é aquela que tenho mais perto de casa”. “Estou muito feliz por voltar a ver todos os outros pilotos e voltar ao trabalho, num fim de semana diferente sem fãs nas bancadas, e com muitas restrições. Esperamos dar o nosso melhor, como sempre, para que sintam orgulho em nós”, rematou.