Costa conta com a esquerda para o Orçamento de 2021

Costa conta com a esquerda para o Orçamento de 2021


Primeiro-ministro diz que o PSD não tem “peste”, mas não vale a pena continuar a alimentar o “romance”, porque ele não existe.


O primeiro-ministro foi esta terça-feira a Budapeste, Hungria, para falar com o seu homólogo Viktor Órban, um conservador de direita que pode fazer a diferença num acordo para o próximo conselho europeu. Porém, no final do encontro, e à margem do debate europeu, António Costa também abordou a situação política interna do País. Para que não restem dúvidas é a esquerda que pretende prosseguir para o Orçamento de 2021. Hoje, recebe o PCP e o Bloco de Esquerda. “Não há razão para que não seja assim depois de cinco anos de sucesso para o País, declarou o Chefe de Governo numa entrevista à RTP.
Para António Costa,  a “democracia vive da existência de alternativas. Pelas maiorias à direita lideradas pelo PSD e à esquerda pelo PS. Uma solução de Bloco Central seria fator de empobrecimento da democracia. Os portugueses sempre que quiseram mudar de maioria, mudaram. Quando quiserem mudar, têm de ter alternativa. Eu não tenho pressa, espero que eles também não tenham pressa”. Recados dados aos parceiros de esquerda da anterior legislatura, Costa também quis esclarecer que “é um romance que não vale a pena continuar a alimentar porque não tem fim, ninguém caminha para aí”, leia-se de aproximação entre PS e PSD.
 Se é certo que os sociais-democratas “não têm peste”, o primeiro-ministro quis contextualizar o registo de colaboração do PSD se deve inserir no combate à pandemia. E advogou que perante o grau de incerteza sobre o que vai acontecer no outono e no inverno. Ou seja, Costa aludia a uma possível segunda vaga. 
Neste cenário, o desejável é ter sempre entendimentos o mais alargados possíveis, para o País estar preparado e resistir ( dispensando um novo estado de emergência).
Sobre a reunião do Conselho Europeu, Costa mostrou-se um “ otimista impenitente”. Mais,  “não vejo nenhuma razão, desde que haja política, para que não haja acordo” após o encontro de 17 e 18 de julho. E deixou um aviso: “Não conseguirei perceber porque é que não haverá vontade política face a esta situação dramática que todos estamos a sofrer, não apenas do ponto de vista sanitário, mas também económico e do emprego”. Dito de outra forma, o mercado interno está paralisado e “se isto não arrancar, nada arranca”. 
Sobre a polémica com a Hungria e o cumprimento do Estado de Direito, Costa preferiu remeter essa discussão para os tratados europeus. “Os valores não se compram. Se há um problema de valores, deve ser tratado com está previsto no artigo 7.º da UE (dota a UE da capacidade de intervir em caso de risco manifesto de violação grave dos valores comuns, e que de resto já foi acionado na Hungria)”, declarou António Costa. Na véspera, o primeiro-ministro já tinha estado em Haia, Países Baixos. Entretanto, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, vai prosseguir a ronda de contactos telefónicos na véspera da reunião e falará também com o primeiro-ministro português.