Gestão privada da TAP age como se estivesse a fazer um “favor ao Estado”, diz ministro

Gestão privada da TAP age como se estivesse a fazer um “favor ao Estado”, diz ministro


Governante diz que não há qualquer empenho dos privados no futuro da companhia e não poupa críticas ao CEO e à sua equipa.


O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, voltou a criticar, esta quinta-feira, a gestão privada da TAP e fez questão de lembrar que o plano de auxílio à transportadora foi uma imposição da Comissão Europeia (CE).

"O empenho [dos privados] no futuro da TAP? Nenhum. São interesses que não estão alinhados com os interesses do país e do povo português", disse numa entrevista ao podcast do PS. E acrescentou que agem como se estivessem a fazer um "favor ao Estado".

Pedro Nuno Santos que defende um maior controlo público da empresa, embora o plano não contemple a entrada do Estado na gestão da empresa, admitiu que lhe faz "muita confusão que o CEO de uma empresa que está de mão estendida ache que se possa relacionar com o Estado" desta maneira. "Como se nos estivessem a fazer um favor", acusou o governante, referindo-se à disponibilidade manifestada por Antonoaldo Neves para aceitar um membro indicado pelo Estado na comissão executiva.

Para o ministro, "nesta fase" o importante é "garantir o que se faz a cada cêntimo" que vai ser injetado na TAP. "É muito mais eficaz do que simplesmente ter um membro numa Comissão Executiva" onde o Estado não seria maioritário, disse.

O governante não poupou nas críticas à gestão privada da companhia, mesmo nas menos diretas. Questionado sobre se tem confiança na atual Comissão Executiva da TAP para fazer o plano de restruturação da empresa, Pedro Nuno Santos respondeu apenas: "Confio no Conselho de Administração [da TAP]", não se referindo propositadamente à equipa de Antonoaldo Neves.

O ministro foi ainda mais longe e acusou que o CEO da TAP de valorizar “em demasia a briga" em relação ao plano de Bruxelas para a companhia, e acrescentou que não acredita "que seja preciso brigar" com Bruxelas, mas "é preciso trabalhar".

Recorde-se que o plano para a companhia aérea ‘sofreu’ um revés esta semana, com a Associação Comercial do Porto a querer travar a injeção de 1,2 mil milhões de euros do Estado na TAP através de uma providência cautelar.

Um mecanismo que para Pedro Nuno Santos "não foi a melhor" forma de demonstrar descontentamento pela situação, mas que "em princípio" não porá em causa o auxílio à TAP.