Funerais. Bacelar Gouveia lamenta “dois pesos e duas medidas”

Funerais. Bacelar Gouveia lamenta “dois pesos e duas medidas”


Mário Durval admite que estas cerimónias têm riscos acrescidos.


Tal como as manifestações, os funerais também preocupam os especialistas em saúde. Talvez ainda mais, apesar das medidas de restrição. Controlar as emoções e cumprir o distanciamento social – algo que foi difícil fazer durante o funeral do ator Pedro Lima, que se realizou na terça-feira – é uma missão quase impossível. Ao i, o delegado de Saúde Regional de Lisboa e Vale do Tejo, Mário Durval, admitiu que as características “muito específicas” das cerimónias fúnebres podem ser um grande problema no que diz respeito ao controlo da propagação do novo coronavírus.

“Os funerais, muito provavelmente, são situações bastante problemáticas. É difícil, em situações emocionais com características muito específicas, como num funeral, as pessoas não se aproximarem muito e conseguirem controlar devidamente as suas emoções e os seus comportamentos. E, portanto, é evidente que, se as pessoas mantiverem comportamentos adequados, é a mesma coisa que uma manifestação. Mas as emoções não se controlam. Portanto, é tudo muito difícil”, explicou.

No que respeita às leis, o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia admitiu considerar “lamentável” que haja “dois pesos e duas medidas” nestas situações.

“Os funerais significam o exercício da liberdade de culto de uma forma coletiva e pública. Admito que poderia ter havido uma lei a restringir esse tipo de atividades dentro de certos limites, mas nunca foi feita. Não sei se está naquele decreto-lei que introduz as restrições das máscaras. Mas o que acho lamentável é que haja dois pesos e duas medidas. Umas coisas são tratadas de uma maneira e outras coisas são tratadas de outra”, revelou.