O primeiro-ministro recebeu ontem o governador do Banco de Portugal, em São Bento, e fez questão de o revelar na sua agenda pública. Um sinal de que a sucessão de Carlos Costa à frente da supervisão bancária já se iniciou.
O nome de Mário Centeno, ex-ministro das Finanças, é a hipótese mais falada para suceder a Carlos Costa e o primeiro-ministro não o escondeu há uma semana na tomada de posse da nova equipa das Finanças no Palácio de Belém. Contudo, existem alguns problemas que é necessário ultrapassar. Primeiro, Costa não contará com o apoio da maioria dos partidos para a escolha de Centeno. A entrada do novo governador para a supervisão sem qualquer consenso poderia representar um risco acrescido. Mas há mais. O Parlamento decide esta semana se aprova uma lei que impediria a entrada de Centeno na Supervisão, determinando a implementação de um período de nojo aplicado a políticos na passagem para reguladores.
Contudo, há uma hipótese séria de a esquerda não vir a dar a mão ao PAN e ao PSD nesta contenda. José Luís Ferreira, do PEV, considerou ontem, no Palácio de Belém, que “para o Banco de Portugal deve ir uma pessoa competente, conhecedor das matérias e sobretudo que traga transparência a todos os processos”. O parlamentar avisou que o PEV não contribuirá para fazer leis à medida de casos concretos: “Não nos parece correto fazer leis à medida de determinada pessoas, as leis são gerais e abstratas, não devem ser focalizadas numa única pessoa, não é para isso que as leis existem”.
O Bloco de Esquerda é contra a ida de Centeno para o Banco de Portugal, mas não apoiará propostas destinadas a casos concretos, e o PCP já fez saber que não vê incompatibilidades na passagem de Centeno para a Supervisão. Entretanto, a Iniciativa Liberal quer a suspensão da nomeação de um novo governador até estar concluído o processo legislativo. O prazo para a entrega de propostas de alteração ao texto aprovado (do PAN) na generalidade termina na próxima sexta-feira.