Estranhamentos


Tendo em conta a quebra acentuada de rendimentos de pelo menos 1,2 milhões de trabalhadores afetados por “lay-off” e mais de 300 mil pessoas em situação de desemprego, não deveria o Estado proceder mais rapidamente ao pagamento dos reembolsos do que o ano passado?


Estranhamento n.º 1 – No passado dia 27 de maio, o Diário de Notícias publica um artigo intitulado “Finanças admitem que estão a atrasar pagamentos dos reembolsos do IRS”. A notícia dá conta do aumento de 17,8% da receita líquida com IRS nos primeiros quatro meses do ano de 2020, só comparável com os tempos de má memória de Vítor Gaspar à frente dos destinos do Ministério das Finanças. Sabe-se que as declarações iniciais do Governo sobre a campanha de IRS do presente ano foram sempre evasivas não se comprometendo com prazos para reembolsos diferentes do estipulado na lei, ao invés do assumido no ano anterior. O estranhamento é mesmo pela citação do Ministério das Finanças, na qual se assume o atraso deliberado nos pagamentos de reembolsos de IRS.

Tendo em conta a quebra acentuada de rendimentos de pelo menos 1,2 milhões de trabalhadores afetados por “lay-off” e mais de 300 mil pessoas em situação de desemprego, não deveria o Estado proceder mais rapidamente ao pagamento dos reembolsos do que o ano passado? Não seria essa, também, uma forma indireta de apoiar as famílias neste período difícil? Até porque o Estado não faz mais do que devolver o dinheiro que é dos cidadãos e que foi retido em excesso no ano de 2019.

Estranhamento n.º 2 – O Jornal de Notícias divulgou no passado sábado uma sondagem sobre a reciclagem feita pelos portugueses afirmando que 92% da população recicla. Não sendo especialista em sondagens, sociologia, estatística e matemática, não posso deixar de estranhar a discrepância entre o resultado da sondagem e a realidade do país.

De acordo com os últimos dados oficiais sobre reciclagem em Portugal (Relatório do Estado do Ambiente 2019 da Agência Portuguesa do Ambiente), 53,1% dos resíduos produzidos vão diretamente para aterro e incineração e 35,2% vão para tratamento mecânico e biológico (dos quais cerca de 80% são eliminados por aterro ou incineração) e apenas 12,7% são reciclados diretamente e/ou valorizados organicamente. Posto isto, e como diz a sabedoria popular, a bota não bate com a perdigota.

Estranhamento n.º 3 – Neste fim de semana entrou na cena política, alicerçada numa preparada campanha de comunicação o nome de António Costa Silva, CEO da PARTEX (Ex-petrolífera da Gulbenkian), como a pessoa encarregue pelo Primeiro-Ministro para preparar o “Programa de Recuperação Económica” que o Governo pretende implementar. De acordo com a generalidade da comunicação social o gestor iria definir as políticas a implementar sectorialmente pelos Ministros, tendo até sido referido que iria reunir com os diversos Partidos Políticos, numa espécie de estágio para ingressar a breve prazo no Governo. Rumores, entretanto, desmentidos pelo próprio e por Marques Mendes (sic!). A estranheza quanto ao facto prende-se, não com a pessoa em si e a sua escolha por parte de António Costa para a missão que terá sido incumbido, mas com tamanha campanha de comunicação em torno de alguém que já assumiu que irá apenas elaborar para o Governo o esboço do Programa de Recuperação Económica.

 

 


Estranhamentos


Tendo em conta a quebra acentuada de rendimentos de pelo menos 1,2 milhões de trabalhadores afetados por “lay-off” e mais de 300 mil pessoas em situação de desemprego, não deveria o Estado proceder mais rapidamente ao pagamento dos reembolsos do que o ano passado?


Estranhamento n.º 1 – No passado dia 27 de maio, o Diário de Notícias publica um artigo intitulado “Finanças admitem que estão a atrasar pagamentos dos reembolsos do IRS”. A notícia dá conta do aumento de 17,8% da receita líquida com IRS nos primeiros quatro meses do ano de 2020, só comparável com os tempos de má memória de Vítor Gaspar à frente dos destinos do Ministério das Finanças. Sabe-se que as declarações iniciais do Governo sobre a campanha de IRS do presente ano foram sempre evasivas não se comprometendo com prazos para reembolsos diferentes do estipulado na lei, ao invés do assumido no ano anterior. O estranhamento é mesmo pela citação do Ministério das Finanças, na qual se assume o atraso deliberado nos pagamentos de reembolsos de IRS.

Tendo em conta a quebra acentuada de rendimentos de pelo menos 1,2 milhões de trabalhadores afetados por “lay-off” e mais de 300 mil pessoas em situação de desemprego, não deveria o Estado proceder mais rapidamente ao pagamento dos reembolsos do que o ano passado? Não seria essa, também, uma forma indireta de apoiar as famílias neste período difícil? Até porque o Estado não faz mais do que devolver o dinheiro que é dos cidadãos e que foi retido em excesso no ano de 2019.

Estranhamento n.º 2 – O Jornal de Notícias divulgou no passado sábado uma sondagem sobre a reciclagem feita pelos portugueses afirmando que 92% da população recicla. Não sendo especialista em sondagens, sociologia, estatística e matemática, não posso deixar de estranhar a discrepância entre o resultado da sondagem e a realidade do país.

De acordo com os últimos dados oficiais sobre reciclagem em Portugal (Relatório do Estado do Ambiente 2019 da Agência Portuguesa do Ambiente), 53,1% dos resíduos produzidos vão diretamente para aterro e incineração e 35,2% vão para tratamento mecânico e biológico (dos quais cerca de 80% são eliminados por aterro ou incineração) e apenas 12,7% são reciclados diretamente e/ou valorizados organicamente. Posto isto, e como diz a sabedoria popular, a bota não bate com a perdigota.

Estranhamento n.º 3 – Neste fim de semana entrou na cena política, alicerçada numa preparada campanha de comunicação o nome de António Costa Silva, CEO da PARTEX (Ex-petrolífera da Gulbenkian), como a pessoa encarregue pelo Primeiro-Ministro para preparar o “Programa de Recuperação Económica” que o Governo pretende implementar. De acordo com a generalidade da comunicação social o gestor iria definir as políticas a implementar sectorialmente pelos Ministros, tendo até sido referido que iria reunir com os diversos Partidos Políticos, numa espécie de estágio para ingressar a breve prazo no Governo. Rumores, entretanto, desmentidos pelo próprio e por Marques Mendes (sic!). A estranheza quanto ao facto prende-se, não com a pessoa em si e a sua escolha por parte de António Costa para a missão que terá sido incumbido, mas com tamanha campanha de comunicação em torno de alguém que já assumiu que irá apenas elaborar para o Governo o esboço do Programa de Recuperação Económica.