Apesar das críticas do Governo espanhol e dos protestos dos trabalhadores, a histórica fábrica da Nissan na Zona Franca, em Barcelona, prepara-se para fechar portas já em dezembro. Emprega umas três mil pessoas – 30 mil, se contarmos com os empregos indiretos, segundo a EFE.
O problema é que a empresa japonesa planeia cortar 20% da sua produção mundial: empurrada pela pandemia, e no âmbito da sua parceria global com a Mitsubishi e a Renault, a Nissan vai deixar o protagonismo europeu para a marca francesa. Dificilmente a Renault terá planos para investir em Espanha, dado que o Governo francês tem uma importante participação na empresa, e o Presidente Emmanuel Macron já anunciou uma injeção de oito mil milhões na indústria automóvel.
“Não o imaginávamos, mas é muito duro. Somos muitas famílias, que ficamos na rua”, explicou Cristina Montero, que dedicou mais de 15 anos da sua vida à empresa, em declarações ao El País. Como tantos outros empregados da Nissan, Montero juntou-se ontem aos protestos e bloqueios em redor da fábrica, onde se queimaram pneus e se ouviram gritos de fúria. “Isto não é mais que o começo”, repetiam, segundo o El Periódico.
Entretanto, as autoridades de Barcelona exigiram à Nissan que, no mínimo, deixem os terrenos como estavam antes da fábrica, implantada há cem anos atrás. As operações serão dispendiosas, e Madrid – que já acusou a Nissan de “deslealdade” e “desapreço” – tenta convencer a empresa a converter as instalações numa linha de montagem de carros elétricos. O plano foi apresentado recentemente, no quartel-general da Nissan, em Yokohama, mas não há grandes expectativas de sucesso.