Um grupo de empresários com negócios no Bairro Alto, Bica, Cais do Sodré e Príncipe Real reuniu-se ontem, em Lisboa, para uma ação de sensibilização. As cerca de cem pessoas que marcaram presença – a maioria chegou depois das 15h, hora prevista para o encontro – querem não só saber qual a data de reabertura para bares e discotecas, como reivindicar um apoio do Governo em termos fiscais. Ao i, a porta-voz do Grupo de Bares e Comerciantes da Misericórdia explicou que a redução de taxas de IVA e, em alguns casos, da TSU, é uma das propostas do grupo. Existe ainda uma terceira questão que querem ver respondida – Andreia Meireles questiona se haverá uma proteção por parte do Governo em relação aos senhorios. A empresária conta que “cerca de 95% dos empresários do Bairro Alto são arrendatários” e que, apesar de terem sido proibidos os despejos, existe a possibilidade de no fim os senhorios não quererem renovar os contratos. Segundo Andreia Meireles, que é uma das proprietárias do bar Bairrus Bodega, há empresários do Bairro Alto que estão a ser “completamente ameaçados pelos senhorios” – e dá o seu exemplo.
“Todos os apoios são importantes” Em direção à Praça do Município, as cerca de cem pessoas com camisolas pretas vestidas passaram pelo Largo do Chiado – levavam cartazes na mão e ouvia-se o burburinho das vozes que passavam através das máscaras de proteção. Apesar de reconhecer que não será fácil, Jorge Marques, que aproveitou a tarde de ontem para dar um passeio pela Baixa, defende que “com segurança” também os bares deveriam reabrir. Quanto aos benefícios fiscais reivindicados pelo grupo, considera que “todos os apoios são importantes”, mas que é preciso que o Governo analise quem pode vir a receber benefícios. “Não pode dar benefícios a quem acabou de comprar um Mercedes ou um BMW”, sublinha.
Para Fátima Pereira, que estava à espera da sua vez para entrar numa loja quando o grupo passou, é preciso diferenciar entre bares e discotecas. Enquanto os primeiros espaços poderão adaptar-se, entrando numa “categoria mais próxima dos restaurantes”, às discotecas será “impossível” reabrir portas para já, pelo menos nos moldes habituais. “Só se funcionarem de uma forma mais espaçada, sem pista de dança”, exemplifica.
Já Bruno Pereira, que antes das 15h assistia à chegada das primeiras pessoas vestidas de preto, defende que a reabertura de bares e discotecas para já “não é uma grande ideia”.
Quanto à reivindicação que diz respeito aos benefícios fiscais, o morador da Misericórdia acha que a intervenção do Governo “não vai servir de muito”, pois a decisão vai depender do senhorio.