CMVM rejeita extinção da OPA da Cofina sobre a Media Capital

CMVM rejeita extinção da OPA da Cofina sobre a Media Capital


Regulador acusa grupo liderado por Paulo Fernandes de ser responsável pelo falhanço no aumento de capital de 85 milhões que serviria para financiar o negócio. Cofina tem dez dias para justificar marcha atrás na OPA e caso a CMVM não aceite as suas razões poderá ser obrigada a lançar uma OPA sobre os 5% da Media Capital –…


A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) rejeitou a extinção da oferta pública de aquisição (OPA) da Cofina à Media Capital. O regulador dá agora “dez dias úteis” à dona do Correio da Manhã para que fundamente os motivos que a levaram a desistir da operação.

Recorde-se que a Cofina pediu, no dia 25 de março, a anulação da OPA sobre 5% do capital da Media Capital (que pertencia, na maior parte, ao banco espanhol Abanca), já depois de ter cancelado a compra de 95% da dona da TVI à Prisa, justificando a decisão com uma “inesperada e muito significativa degradação da situação financeira e perspetivas da Vertix e da Media Capital”, especialmente agravadas pelo presente contexto da pandemia de covid-19. O grupo liderado por Paulo Fernandes acusou ainda a espanhola Prisa de incorrer “em violações contratuais graves” que “manifestou expressamente a intenção de não cumprir o contrato, o que afetou irremediavelmente a relação de confiança entre as partes”.

A marcha atrás no negócio – que parecia, à partida, prestes a concretizar-se – aconteceu depois de a Cofina ter falhado por três milhões de euros o aumento de capital de 85 milhões com o objetivo de se financiar. Na nota publicada no seu site, a CMVM responsabiliza agora a própria Cofina por a meta não ter sido alcançada, considerando que “a conduta da Cofina contribuiu decisivamente para a não colocação de um número residual de ações no âmbito do referido aumento de capital”.

Caso a CMVM não aceite as justificações da Cofina, a empresa poderá ser obrigada a lançar uma OPA sobre os 5% da Media Capital – distribuídos por pequenos acionistas (sendo o maior o Abanca)  –, uma operação que pode custar cerca de 10 milhões de euros, caso todos os acionistas deem o aval positivo. Este é também o valor contestado em tribunal pela Prisa, correspondente à caução do negócio cancelado pela Cofina, e que o grupo espanhol considera ser seu por direito.

Entretanto, o empresário Mário Ferreira – que já se tinha manifestado surpreso com o desfecho do negócio – chegou a acordo para a compra de 30,22% da Media Capital à Prisa, um negócio através da Pluris Investments e realizada por meio da transferência em bloco das ações por 10,5 milhões de euros. A Prisa continua a deter a maioria do capital.