Temos para nós que é na adversidade que se revela o caráter do ser humano e, de facto, assim tem acontecido e continuará a acontecer, enquanto durar a pandemia do covid-19. A política de solidariedade está a ser posta à prova, e os políticos também, embora não tenham ainda realizado o que lhes vai acontecer, no pós-pandemia, já que em política não há gratidão…
Na política, estuda-se e aprende-se que a legitimidade de um regime pode ser avaliada em eleições livres e democráticas, mas pode-se questionar o valor do voto de um analfabeto em relação a uma pessoa letrada, o que nos pode levar também a desvalorizar uma vitória eleitoral, já que ela tem muito 1X2, como no Totobola… Quantas pessoas que votam leram os programas de governo, do seu partido, para já não falarmos dos estatutos!?! Pois é.
“Só pode haver comportamentos corretos e adequados, em Democracia, quando o Ministério da Educação for o Ministério mais importante e dirigido por uma personalidade sénior” (Max Cunha).
O Governo ‘pede’ agora, a todos os Cidadãos, para que sejam solidários e respeitem as regras, em vigor, que ele decretou, e espera ser obedecido, mas vai anunciando as sanções em caso de desobediência… Mas então não seria melhor multar os progenitores por terem falhado na sua missão? E não seria lógico os multados recorrerem à Justiça a pedir indemnização ao Estado por este ter, por sua vez, falhado na sua própria Educação?!?… Pois é.
É que a solidariedade tem que ser praticada desde que se nasce até à morte, não é só quando há uma Pandemia. Angela Merkel disse ao Der Spiegel, a 9/07/2011, que “o Euro é a garantia de uma Europa unida. Se o Euro falhar, então a Europa falha”.
Temos para nós que Jean Monnet, o ‘Primeiro Europeu’, tinha uma visão e um sonho que viu concretizados, mas hoje, parece ter sido mais uma vontade de homens inteligentes, todos maduros e que viveram no tempo do ‘Holocausto’ e da ‘loucura” de um cabo do exército alemão, que esteve nas “obras” e quase cegou, e não a vontade e determinação das Nações, ou seja, das Pessoas que constituem esses Países, embora, em termos culturais, e em outras áreas, pouco as ligue.
A Língua, o primeiro fator cultural decisivo, a religião, o segundo fator, o amor ao trabalho, o terceiro Fator. Se aceitarmos estes critérios como boas referências, então percebemos que os países do Norte, da chamada ‘Europa do Trabalho’, se opõem aos do Sul, da chamada ‘Dieta Mediterrânica’, em que se aprecia a boa mesa e o bom vinho, o trabalho só é importante na medida em que pode propiciar isso, e no tempo de ócio, o prazer na horizontal.
Não se pode esperar solidariedade quando ela nunca existiu entre os povos. Aonde existe a solidariedade entre os dirigentes da União Europeia? Nos almoços, nas conversas de corredores, nos aviões? E na hora de votar? Pois é!.
Na nossa geração, Salazar e Franco tiveram de proibir jogos de futebol profissional, entre Portugal e Espanha, tais as lutas e desordens, dentro e fora do campo de futebol que terminavam com a GNR, a cavalo, e com as espadas desembainhadas, à espadeirada e o povo a fugir. Isto em pleno Estádio Nacional, nos anos 40 do séc .XX. Nós estivemos lá.
E na Escola diziam-nos “de Espanha nem bom vento nem bom casamento”. Onde está a solidariedade? Ela está sim no covid-19, já que distribui, de forma ‘generosa’ por todos os países do mundo.
Claro que a UE, só sobreviverá se os políticos operarem esse milagre, mas será mais pelo medo do que por convicção.
Sociólogo
Escreve quinzenalmente